Os enfermeiros já tiveram de pagar 33 mil euros à PPL, a empresa portuguesa que gere a plataforma de crowdfunding que possibilitou angariar 360 mil euros para viabilizar o protesto que desde 22 de novembro está em curso nos blocos operatórios de cinco grandes hospitais públicos. Este valor corresponde a 7,5% da comissão cobrada pela empresa, mais 23% de IVA, explica fonte da PPL. A notícia é avançada pelo jornal Público.
Este valor poderá ser ainda mais alto, caso o movimento de enfermeiros que lançou esta forma inédita de patrocinar uma paralisação consiga recolher os fundos necessários para a segunda “greve cirúrgica”: 400 mil euros até 14 de janeiro. Se o valor total não for alcançado, todo o dinheiro doado até então é devolvido. Nesse caso, a plataforma não recebe qualquer tipo de pagamento.
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“Não é um serviço barato, mas qualquer serviço tem de ser pago”, sublinha Catarina Barbosa, uma das enfermeiras à frente deste protesto. Em declarações ao Público, a enfermeira no Centro Hospitalar do Porto reconhece que a PPL tem “ajudado muito” o movimento.
Incitam-nos a partilhar emails, explicam-nos como contactar pessoas que fizeram contribuições para que façam uma segunda vez; e são eles que pedem o NIB a toda a gente e agilizam a plataforma”, explica Catarina Barbosa.
Para já, o apoio financeiro está a entrar a conta-gotas e os enfermeiros ainda só angariaram 12% do total de 400 mil euros, mas Catarina Barbosa acredita que se vai repetir o mesmo que com a iniciativa de crowdfunding anterior. Será no final do mês, “quando há mais disponibilidade financeira”, que as doações começam a entrar. No final de novembro, e em poucos dias, entraram na plataforma cerca de 150 mil euros. Nessa primeira campanha o objetivo era recolher 300 mil euros e as doações passaram os 360 mil euros.
Com estes valores foi possível alargar a greve a mais dois hospitais, além dos três inicialmente previstos.
Enfermeiros recorrem ao crowdfunding para juntar 300 mil euros e financiar greve prolongada
Na plataforma é possível ver os nomes dos doadores, embora não seja possível aceder aos valores, e a percentagem de anónimos é muito elevada. Isto já levou a acusações de que a greve estará a ser financiada por hospitais privados: “É uma teoria da conspiração que não faz qualquer sentido”, garante a enfermeira.
Esta sexta-feira, a ministra da Saúde vai receber todos os sindicatos de enfermeiros, incluindo os dois que convocaram a greve cirúrgica, o Sindepor (Sindicato Democrático dos Enfermeiros de Portugal) e a ASPE (Associação Sindical Portuguesa dos Enfermeiros).
Na terça-feira, um outro sindicato — a Federação Nacional dos Sindicatos dos Enfermeiros (FENSE) — cancelou a greve marcada para os dias 26, 27 e 28 na sequência de uma reunião com os Ministérios da Saúde e Finanças. No entanto, o Sindepor avançou na altura que a “greve cirúrgica” era para manter.
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