A fotografia de um marinheiro norte-americano a beijar o seu marido após o regresso de uma missão naval de sete meses está no centro de uma polémica à volta das atitudes perante a homossexualidade nos Estados Unidos.
A imagem do beijo entre o marinheiro Bryan Woodington, que durante sete meses esteve longe de casa a bordo do USS The Sullivans, e o seu marido, Kenneth, faz lembrar uma outra fotografia, icónica, feita em 1945 pelo fotógrafo Alfred Einsenstaedt para revista Life.
“Kissing Sailor” retrata um marinheiro norte-americano a beijar uma mulher na Times Square, em Nova Iorque, após regressar aos EUA no dia da vitória norte-americana sobre o Japão, em 1945, no final da Segunda Guerra Mundial. A imagem tornar-se-ia um ícone do fotojornalismo.
A fotografia de Bryan Woodington, partilhada inicialmente no Facebook pela própria Marinha norte-americana, foi divulgada pelos meios de comunicação social nos EUA e foi aí que começou a polémica.
A estação regional WJXT, que transmitiu a fotografia na sua emissão, recebeu dezenas de cartas e telefonemas de espectadores descontentes com a imagem. “Pensava que este era um canal de notícias amigo das famílias”, disse um espectador, citado pela CNN.
“É triste que a vossa estação tenha descido tão baixo ao ponto de mostrar um casal gay a beijar-se nas vossas notícias”, disse outro dos espectadores que criticaram a transmissão da imagem.
Também no Facebook da estação naval Mayport, onde inicialmente foi partilhada a fotografia, se multiplicaram os comentários e as reações negativas, embora em muito menor número do que as que mostram apoio ao casal.
A política das Forças Armadas dos EUA face aos homossexuais tem evoluído ao longo dos últimos anos. Antes da década de 90, os homossexuais estiveram proibidos de ingressar no serviço militar.
Em 1993, o presidente Bill Clinton aprovou a lei don’t ask don’t tell [não perguntes, não digas], que proibia a admissão de homossexuais assumidos no serviço militar. Se não dissessem a ninguém, também não poderiam ser discriminados nesse sentido. Em 2010, o presidente Barack Obama aboliu essa lei, acabando definitivamente com a discriminação em função da orientação sexual no serviço militar norte-americano.
Já em 2017, o presidente Donald Trump baniu os transgénero de ingressarem no serviço militar.