A fundadora do movimento alemão Aufstehen, que pretende servir de plataforma de união para os partidos de esquerda e que tem perto de 170 mil membros, anunciou que o movimento pretende avançar com manifestações nas ruas da Alemanha inspirados nos protestos dos coletes amarelos, em França, que entretanto se estenderam para outros países incluindo Portugal.

Citada pelo jornal britânico The Guardian, Sahra Wagenknecht, também dirigente do partido de esquerda Die Linke, afirmou em declarações à imprensa estrangeira em Berlim que o movimento francês lhe mostrou que é possível que os protestos populares tenham efeitos reais na mudança política. A responsável acredita que o modelo possa ajudar os alemães a combater a desigualdade no país.

Wagenknecht diz-se também inspirada pelo movimento França Insubmissa, de Jean-Luc Mélenchon, e pelo Momentum, de apoio a Jeremy Corbyn, no Reino Unido. “Temos grandes planos para o próximo ano”, garantiu a líder do Aufstehen, palavra alemã para “Levanta-te”.

“Reconhecemos que quando as pessoas vão para as ruas protestar — sobretudo aqueles que não tiveram uma voz política durante muitos anos e que redescobrem a sua voz nos protestos — pode haver uma mudança política. É isso que estamos a ver em França agora”, continuou Wagenknecht.

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A líder do movimento Aufstehen assegura que não pretende tomar o lugar dos partidos de esquerda, antes criar uma plataforma que aproxime esses partidos para promover um “novo renascimento social”. Apesar de reconhecer que “França tem uma cultura de protesto completamente diferente da Alemanha”, Wagenknecht confia na capacidade do movimento para mobilizar os alemães.

Sahra Wagenknecht diz que os alemães, “particularmente aqueles que não se sentem representados na política alemã, vão perceber que são muito mais capazes de colocar pressão no governo se forem para a rua protestar”.

Mesmo admitindo que os protestos implicam frequentemente violência, Wagenknecht considera que é “completamente errado reduzir o movimento dos coletes amarelos em França à violência”. “Não queremos nenhuma violência, mas ao mesmo tempo temos de reconhecer que esta é uma expressão clara da raiva reprimida. Não vem do nada”, sublinhou.