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Eu milito, tu militas, ele Militão. Militam todos mais uma vez, pela 17.ª vez (a crónica do Desp. Aves-FC Porto)

Este artigo tem mais de 5 anos

Os protagonistas que não se importam de assumir papéis secundários também têm as suas noites de passadeira azul e foi assim que Éder Militão decidiu a 17.ª vitória seguida do FC Porto, nas Aves (1-0).

Éder Militão apontou o primeiro golo no Campeonato e foi um dos melhores do FC Porto a par de Felipe e Danilo
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Éder Militão apontou o primeiro golo no Campeonato e foi um dos melhores do FC Porto a par de Felipe e Danilo

AFP/Getty Images

Éder Militão apontou o primeiro golo no Campeonato e foi um dos melhores do FC Porto a par de Felipe e Danilo

AFP/Getty Images

De uma forma resumida, ser do FC Porto é andar em festa nos últimos três meses. É andar em festa pelas vitórias na Primeira Liga, onde a equipa só sabe ganhar desde a segunda derrota averbada na Luz com o rival Benfica; é andar em festa por estar na Final Four da Taça da Liga e nos quartos da Taça de Portugal; é andar em festa por ter chegado aos oitavos da Champions como a equipa com mais pontos das 32 que foram à fase de grupos. Tudo em festa, seja pelos resultados coletivos, seja pelas prestações individuais (tiramos daqui Bazoer, que já é tratado por “esse jogador”). Tudo menos Sérgio Conceição, claro.

https://observador.pt/2019/01/03/desp-aves-fc-porto-dragoes-procuram-aumentar-vantagem-na-lideranca-com-17-o-triunfo-seguido/

“Não gosto muito deste ambiente de festa”, atirou antes da deslocação à Vila das Aves. “Gosto do Natal pelo simbolismo que tem, depois o final do ano é o final do ano e temos de passar mas há um desviar de atenções, do foco no trabalho, os jogadores têm as suas famílias e recebem outras pessoas”, argumentou. Olhando para os adversários, faz sentido: o Benfica perdeu em Portimão após uma das piores exibições da época; o Sporting teve dos encontros menos conseguidos no triunfo em casa com o Belenenses; o Sp. Braga conseguiu evitar eventuais problemas pela vantagem confortável bem cedo. Também o FC Porto teve dificuldades neste primeiro encontro do ano mas aquilo que o técnico via como problema acabou por tornar-se uma solução.

Durante 60 minutos, os dragões conseguiram imprimir uma dinâmica fortíssima em termos ofensivos que poderia ter rendido muito mais do que um golo; na última meia hora, foi tentando controlar fazendo aquilo que o jogo pedia para que fosse feito. No meio destas duas partes, houve sempre um trio que segurou mais uma vez a equipa: Felipe, o líder da defesa que domina por completo o jogo aéreo; Éder Militão, o parceiro que além da rapidez e antecipação também sabe sair com bola; e Danilo, o médio cada vez mais completo que pode andar no limite mas não falha em nada e joga por dois. Os matadores que escrevem o seu nome na lista dos golos e os virtuosos que colocam a bola para os outros brilharem no último toque serão sempre essenciais em qualquer equipa mas são os outros, os que se destacam e não se importam de assumir o papel secundário, que sustentam as vitórias nos finais das épocas. Até porque, de vez em quando, também vão lá à frente marcar. E foi assim que o FC Porto somou mais uma vitória pela margem mínima, desta feita a 17.ª a apenas uma do recorde do Benfica de Jesus.

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FC Porto somou a 17.ª vitória consecutiva, a oitava a contar apenas para os encontros da Primeira Liga (MIGUEL RIOPA/AFP/Getty Images)

Ficha de jogo

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Desp. Aves-FC Porto, 0-1

15.ª jornada da Primeira Liga

Estádio do CD Aves, na Vila das Aves

Árbitro: João Pinheiro (AF Braga)

Desp. Aves: Beunardeau; Rodrigo, Jorge Filipe, Ponck, Vítor Costa; Falcão, Vítor Gomes; Rúben Oliveira (Bruno Gomes, 74′), Amilton (Nildo, 61′), Mama Baldé (Elhouni, 88′) e Derley

Suplentes não utilizados: André Ferreira, Defendi, Braga e Mato Milos

Treinador: José Mota

FC Porto: Casillas; Maxi Pereira, Felipe, Éder Militão, Alex Telles; Danilo Pereira, Herrera; Corona (Adrián López, 89′), Brahimi (Óliver Torres, 77′), Marega e Soares (Hernâni, 77′)

Suplentes não utilizados: Vaná, Mbemba, Sérgio Oliveira e André Pereira

Treinador: Sérgio Conceição

Golo: Éder Militão (25′)

Ação disciplinar: cartão amarelo a Felipe (30′), Vítor Gomes (48′) e Amilton (57′)

Ao introduzir Soares na frente com Marega, abdicando do 4x3x3 com que tinha defrontado no Jamor o Belenenses para a Taça da Liga no último encontro de 2018, Sérgio Conceição conseguiu que a equipa azul e branca chegasse rapidamente à sua zona de conforto na partida. De início com menos velocidade do que era exigível e sem a verticalidade necessária para explorar as unidades da frente em melhores condições, mas um passe longo com atraso deficiente de Jorge Filipe (o primeiro de muitos erros individuais e coletivos da defesa avense) acabou por quase isolar Marega, valendo a saída rápida de Beunardeau a tirar de cabeça fora da área antes de perigos maiores (10′). Estava dado o clique para a verdadeira avalanche que se seguiria.

Em menos de dez minutos, Soares tentou ser fixe mas houve sempre alguma coisa que o impediu de festejar: primeiro, após um cruzamento de Alex Telles da esquerda – e como o FC Porto soube explorar bem a sua ala esquerda… –, o brasileiro cabeceou bem, Beunardeau conseguiu uma defesa quase impossível por tratar-se de uma tentativa muito à queima e Marega, na recarga, acertou em Jorge Filipe e no poste (16′); depois, numa jogada inventada pela mobilidade e capacidade na mudança de direção de Corona, o avançado voltou a saltar sozinho mas o guarda-redes francês desviou de novo para fora da zona de perigo (21′); por fim, numa jogada que começou no mexicano e teve um cruzamento de Marega mais à direita, o número 29 conseguiu mesmo enganar o guardião avense mas o golo foi anulado por fora de jogo (23′). Só dava FC Porto.

[Clique nas imagens para ver os melhores momentos do Desp. Aves-FC Porto em vídeo]

Dava FC Porto porque Danilo Pereira voltou a fazer um daqueles jogos gigantes como se o FC Porto começasse a jogar em 4x5x2 por recuperar bolas e ocupar espaços como dois. Dava FC Porto porque Rodrigo, que tem sido um dos melhores do Desp. Aves nos últimos jogos, andou sempre meio às aranhas perante várias situações de inferioridade numérica criadas pela mobilidade dos azuis e brancos. Dava FC Porto porque os centrais, além de fazerem a diferença no jogo aéreo, eram mais rápidos e conseguiam antecipar os movimentos adversários. Os visitados tinham uma fonte quase seca onde só corria algum futebol ofensivo quando Mama Baldé recebia em condições; os visitantes contavam os minutos para o inevitável golo.

E não seria preciso contar muito, com a surpresa de ter havido mais demérito do adversário do que nas oportunidades que Soares não conseguiu finalizar: numa jogada de insistência, Brahimi fez o balão na esquerda para a área, Jorge Filipe voltou a chutar meio na bola, meio no ar e Éder Militão, isolado pelo erro do também central, só teve de encostar para o 1-0 (25′), naquele que foi o seu primeiro golo no Campeonato – e em menos de meia volta já foram 15 os jogadores azuis e brancos a marcarem na prova (nas repetições ficaram dúvidas sobre a posição de Soares no início do lance, após um cabeceamento de Felipe na área, mas o VAR não descortinou qualquer irregularidade). Mais tarde, Danilo conseguiu aumentar a vantagem mas o golo acabou por ser também anulado, por estar adiantado na altura em que foi apontado o livre lateral (37′). E, contrariando tudo o que se passara, o último remate seria de Rodrigo, num livre direto em posição privilegiada, que saiu à figura de Casillas (45′).

José Mota preferiu não mexer de imediato na equipa ao intervalo, acreditando que a simples alteração de posicionamentos podia equilibrar um jogo sempre desequilibrado. Não conseguiu. E a confiança do FC Porto era tanta que Éder Militão, enchendo-se de fé ao ver Beunardeau ligeiramente adiantado, arriscou um golo de bandeira a quase 70 metros da baliza, naquele que ficou como o remate mais longínquo do Campeonato até ao momento. Mais tarde, de novo de bola parada, Danilo foi a referência na área de mais um passe teleguiado de Alex Telles que o médio desviou de cabeça pouco ao lado do poste dos avenses (60′). Os dragões continuavam no mesmo sistema, com a mesma ideia mas sem as mesmas dinâmicas ofensivas que permitiam com alguma facilidade criar oportunidades. E quase que parou uns minutos sem saber muito bem para que lado ia, porque não conseguia “matar” de vez o jogo mas continuava com apenas duas unidades no corredor central.

A dança dos bancos acabou por ser mais favorável para o Desp. Aves. Ou, pelo menos, permitiu que os visitados, jogando um pouco mais direto e tentando potenciar qualquer bola parada para colocar o perigo na área contrária. Nem Óliver Torres, que substituiu Brahimi, conseguiu agarrar o jogo, nem Hernâni, que entrou para o lugar de Soares, deu a velocidade pretendida para explorar a profundidade. O FC Porto controlou quase sempre bem mas de forma curta, sem a capacidade para esticar o jogo na frente. Mama Baldé, aproveitando uma bola perdida na área, ainda teve uma tentativa muito por cima (75′) e a real oportunidade dos visitados surgiria já em período de descontos: após uma falta desnecessária de Herrera, Nilton Petrolina agarrou na bola, tirou as medidas à baliza e acertou na trave da baliza de Casillas. Tanto ou mais do que um susto, ficou a lição.

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