Os documentos roubados à sociedade de advogados PLMJ e divulgados no blogue “Mercado de Benfica” sugerem que a defesa do ex-ministro da Economia Manuel Pinho e a o advogado do presidente da EDP António Mexia se mantiveram em contacto para definirem a sua estratégia de defesa, na altura em que ficaram conhecidas as suspeitas de corrupção no caso das rendas da energia.
De acordo com o Expresso, que consultou os documentos divulgados naquele blogue, o advogado de Manuel Pinho, Ricardo Sá Fernandes, contactou o advogado João Medeiros, do escritório da PLMJ e defensor legal de António Mexia, para pedir informações relativas ao processo e também para que fosse agendada uma reunião em Alicante, cidade espanhola na região de Valência.
A resposta chega à defesa de Manuel Pinho num e-mail escrito pelo advogado João Medeiros, da PLMJ, que diz que “está a ser ultimado um ficheiro informático” onde estaria “parte substancial da informação que [Manuel Pinho] pede”. Na continuação daquela missiva, o advogado de António Mexia faz ainda saber que “há toda da disponibilidade” para que fosse combinada uma reunião com Manuel Pinho — sublinhando, ainda assim, que seria “menos possível” que esta pudesse decorrer em Alicante.
Ainda na troca de emails tornada pública esta segunda-feira, o advogado de António Mexia fazia menção à questão do contrato entre a EDP e a Universidade de Columbia, que mais tarde veio a contar com Manuel Pinho como professor. Sobre esse assunto, a defesa do presidente da EDP diz que se impõe “que haja uma concordância de versões acerca das origens e de como surgiu a questão de Columbia”.
“É, pois, imperioso que falemos sobre esse tema, já que vou ter reunião com o Duarte Bello na quinta-feira”, referiu João Medeiros, referindo-se ao chefe de gabinete de António Mexia na EDP. “Era importante termos uma versão factual com um mínimo de coincidência.”
Após contacto do Expresso, o advogado João Medeiros não respondeu em tempo útil e Ricardo Sá Fernandes rejeitou dar esclarecimentos, sustentando-se no sigilo profissional, no facto de os documentos terem sido obtidos ilegalmente e por não conseguir garantir a “fidedignidade” daquelas trocas de correspondência.