Na primeira fila do Teatro Villaret brilhavam as luzes do palco e as estrelas da TVI. Figuras como Judite de Sousa, José Eduardo Moniz, Constança Cunha e Sá ou Joaquim Sousa Martins fizeram questão de marcar presença na apresentação oficial de “Gente Que Não Estar“, o novo programa onde Ricardo Araújo Pereira irá comentar a atualidade já a partir do próximo dia 20 de janeiro.
Sérgio Figueiredo, responsável pela programação do canal de Queluz de Baixo, foi o cicerone que apresentou, um a um, os nove elementos da equipa que ficará responsável por comentar a atualidade, com especial enfoque no mundo da política. Humoristas mais jovens como Manuel Cardoso (“argumentista e especialista em Gmail”, como apresentou Sérgio Figueiredo) ou Cátia Domingues (“argumentista e especialista em machismo tóxico”) vão dividir espaço com nomes mais conhecidos como o de Guilherme Fonseca (“argumentista e especialista em emojis”), Cláudio Almeida (“argumentista e especialista em usar fato”) ou Joana Marques (“argumentista e especialista em trash tv“). A completar o elenco juntam-se os consagrados Miguel Góis (“argumentista e especialista em mini vans”) e José Diogo Quintela (“argumentista e especialista em pães de Deus”). A personagem “Insónias em Carvão” — que criou o genérico do programa, uma animação ao jeito de Terry Gilliam, um dos famosos Monthy Python — também irá contribuir para esta “Dream Team”, como Miguel Góis, em jeito de brincadeira, fez questão de frisar.
“Gostamos da ideia de não saber estar. Como é que se sabe estar na política? Quem é que nunca ligou a televisão, viu um comentador político e adivinhou exatamente o que ele ia dizer? É porque essa pessoa sabe estar.”, explicou o próprio RAP ao decifrar o significado deste programa que será exibido no seguimento do Jornal das 8 da TVI, primeiro num registo semanal, até junho, e depois a partir de outubro em modo diário — tudo por culpa do período de eleições que se realizará este ano.
A época eleitoral foi um dos pretextos para a criação deste programa. Apesar de Ricardo Araújo Pereira explicar que nos EUA já existem estudos que provam que “programas como o do Jon Stewart afastam as pessoas da política”, isso apenas quererá dizer que a “culpa é da política”, não “dos humoristas”. Recordando as palavras de Jesus Cristo, que disse “vós sois o sal da Terra”, RAP brincou dizendo que a ideia por trás dessa metáfora prendia-se com o facto do sal “impedir a corrupção da terra”. Aplicando esse exemplo ao papel do humorista em relação à política, o ex-Gato-Fedorento disse “nós não somos o sal da terra porque não impedimos a corrupção da política, somos mais os coentros, que não impedem nada mas sempre dão um saborzinho.”
O formato que ocupará os 25 minutos de duração deste programa não está 100% fechado. Sobre este aspeto, Cátia Domingues diz que o grupo vai-se “afeiçoar aos acontecimentos da semana” e os formatos dependerão “daquilo que estiver a dominar a atualidade”. Apesar disso, não fecham a porta a entrevistas, vox pops ou outros géneros semelhantes.
Sobre a escolha dos elementos da equipa, RAP afirmou que “falou com os amigos [olhando para Góis e Quintela]” e todos acharam “giro” alargar a equipa a outras pessoas, utilizando três critérios específicos para as escolher: “Procurámos pessoas com inclinação para humor político, pessoas que estão interessadas em fazer piadas e não salvar o mundo ou derrubar Governos, assim como pessoas que nos dessem a sensação de que trabalhariam bem em equipa.”
O programa, nesta fase inicial, será gravado no teatro Villaret e será possível assistir em direto (mediante pedido enviado para gentequenaosabeestar@tvi.pt), apesar de RAP ter dúvidas “que alguém queira vir aqui ver uma coisa que poderá ver pouco tempo depois na televisão”. Tudo indica que mais tarde, este “Gente Que Não Sabe Estar” passe a ser transmitido em direto.
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