A cada dia, entre 300 e 400 pessoas aderem ao Revolut em Portugal, levando a fintech que quer revolucionar a banca (como a Amazon revolucionou o retalho) a atingir os 100 mil utilizadores, segundo comunicado divulgado esta quinta-feira. A fintech está em crescimento em Portugal — um crescimento que acelerou 50% nos últimos três meses — e o país já se tornou o oitavo maior mercado da Revolut, “apenas ligeiramente atrás de Espanha e França”, diz a empresa. Em todo o mundo, mais de três milhões de pessoas são clientes.

Essa importância crescente do mercado português, bem como de outros países de língua portuguesa, como o Brasil, terá levado a fintech a passar a disponibilizar a app de smartphone que é o principal meio de interação entre o utilizador e a sua conta bancária no Revolut. E, em breve, essa conta bancária irá passar a ser uma conta bancária como qualquer outra, já que a Revolut obteve recentemente uma licença bancária que lhe permite, por exemplo, receber depósitos e conceder crédito.

Revolut mais perto de ser a “Amazon dos bancos”. Ganhou licença bancária na Europa

PUB • CONTINUE A LER A SEGUIR

Até recentemente, os fundos que os clientes carregam para a sua “conta” no Revolut são depositados numa conta bancária de um grande banco britânico, porque a Revolut não tinha uma licença bancária que lhe permitisse, por exemplo, recolher depósitos de clientes. No fundo, até ao momento, o cartão tem funcionado como um pré-pago, que os clientes carregam através de transferência bancária, por pagamento via cartão de débito ou de crédito ou usando Apple Pay ou Google Pay, por exemplo. Mas a empresa já recebeu autorização para passar a ter uma plataforma bancária própria.

A Revolut é muito usada, sobretudo, por quem viaja muito, já que a aplicação funciona com pré-carregamento (top up) e permite, depois, a conversão instantânea e gratuita de uma moeda para outra, entre 24 moedas mundiais, com a taxa real daquele momento, sem “acréscimos” ou comissões. Com o cartão Revolut é, também, possível levantar até 200 euros por mês nos caixas automáticos (ATM) dos vários países, sem custos.

A ambição da fintech, segundo o comunicado divulgado esta quinta-feira, é, cada vez mais, converter “os clientes leais que usam o Revolut para as viagens” em clientes que “usam o cartão para as suas despesas diárias”. Todavia, em Portugal, o cartão só é aceite em caixas automáticos e terminais de pagamento que tenham disponível a rede Mastercard ou Visa. Isto quer dizer que os titulares do cartão Revolut não conseguem usá-lo num comerciante nacional que aceite apenas cartões da rede Multibanco. Um pagamento pela rede Multibanco pode custar menos de metade aos comerciantes nacionais do que um pagamento pela rede Mastercard ou Visa.

“Até ao final deste ano, os clientes portugueses vão começar a poder depositar [na Revolut] os seus salários”, garante a Revolut.

Como em qualquer outra conta bancária na Europa, os depósitos na Revolut vão estar protegidos pelos sistemas de garantia de depósitos até 100 mil euros (por conta, por titular). A empresa sugere que as pessoas podem passar a receber os ordenados na sua conta Revolut, prescindindo de ter conta nos bancos tradicionais. Além de fazer depósitos, a conta passa a poder ter contas a descoberto, empréstimos pessoais e empresariais em poucos minutos e “a taxas muito competitivas em relação aos bancos tradicionais”.

Embora queiram ser a solução para a maioria das pessoas, a Revolut tem penetrado essencialmente na geração dos 18 aos 23 anos, “que nunca interagiram com um banco e que querem uma experiência superfácil, como no WhatsApp e no Instagram”, explicou em entrevista ao Observador, em março, o diretor-geral da companhia para a Península Ibérica. A app também é muito utilizada pelos viajantes, que movimentam dinheiro em diversas divisas, e consumidores com estilos de vida internacionais.

A empresa garante que a Revolut não aplica qualquer margem na conversão cambial, ao contrário do que faz a maioria dos bancos. “A maioria do dinheiro que ganhamos é na subscrição Premium e na taxa de serviço aos comerciantes”, que é partilhada com a Visa e a Mastercard. Além disso, a empresa também obteve uma receita substancial com a negociação de criptodivisas.

A Revolut também fatura com as comissões cobradas quando os levantamentos excedem o máximo gratuito e com outros itens como uma fração das vendas de seguros de saúde internacionais que são oferecidos na conta Premium.