Empurrões, pontapés, joelhadas e uso dos cassetetes. São algumas das agressões levadas a cabo por agentes da PSP no bairro da Jamaica (Seixal), contra várias pessoas, na manhã deste domingo — e que foram captadas num vídeo amador de uma moradora e divulgadas nas redes sociais. A intervenção policial tornou-se mais musculada depois de pelo menos um dos moradores ter atirado pedras contra os agentes. Mas alguns membros da família agredida acusam a polícia de já ter chegado ao bairro com uma atitude agressiva, pronta “para bater”. A Direção Nacional da PSP diz que a força utilizada foi “a necessária”; mas já abriu um inquérito interno.
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Tudo terá começado na manhã deste domingo, quando, de acordo com o jornal Público, uma festa de aniversário terminou em desentendimentos entre algumas mulheres. A polícia terá sido chamada ao local, para pôr termo à discussão. Mas, à chegada ao bairro, a situação complicou-se: “Quando chegaram eles nem perguntaram o que se passava. Vieram para bater”, declarou a moradora Vanusa Coxi ao Público. Várias pessoas da sua família, incluindo o seu marido, a sua sogra e os cunhados, terão recebido assistência hospitalar na sequência dos incidentes no Hospital Garcia da Orta. Uma das mulheres agredidas conta ao mesmo jornal que foi atingida com um cassetete no pescoço e que perdeu os sentidos.
Uma fonte da PSP confirmou à agência Lusa que a polícia foi alertada por volta das 7h30 da manhã para “uma desordem entre duas mulheres” no bairro da Jamaica, razão pela qual enviou uma equipa de intervenção rápida para o local. Lá chegados, os agentes terão sido recebidos com pedras, tendo um agente ficado ferido na boca, de acordo com a PSP. O homem que atirou essa pedra foi detido.
Vanusa Coxi reconhece ao Público que o seu cunhado atirou a pedra que acertou no agente. Mas explica que os agentes não tiveram um comportamento tão linear como a PSP afirma, dizendo que assim que chegaram não saíram imediatamente da carrinha. “Ficaram a olhar. Só saíram quando a discussão cá fora acendeu outra vez, quando elas começaram novamente a lutar”, explica a moradora, acrescentando que não houve qualquer tentativa de arrefecer os ânimos. “A polícia entrou a abrir. Vinha para bater.”
Ao todo, pelo menos seis pessoas ficaram feridas. O Bombeiros Mistos do Seixal confirmaram à agência Lusa que transportaram cinco civis e um agente da PSP para o Hospital Garcia de Orta.
A SOS Racismo, contactada pelo Público, confirmou que está a acompanhar o caso e declarou como “inaceitável” a atuação da polícia. A direção nacional da PSP reagiu em comunicado, garantindo que os agentes usaram da “força estritamente necessária para por cobro às agressões de que estavam a ser alvo, para repor a ordem pública e, ao mesmo tempo, para consumar a detenção do suspeito de agressão ao polícia”. No entanto, segundo o Diário de Notícias, foi determinada a instauração de um inquérito “que correrá os seus trâmites na Inspeção Nacional da Polícia de Segurança Pública”.