No início desta semana, foi noticiado que um bug nas videochamadas em grupo do Facetime, a app da Apple para iOS e OSX, permitia ouvir qualquer pessoa que tivesse um iPhone através de uma chamada. Sim, mesmo que a pessoa não atendesse. Para uma empresa que, no início de janeiro, se gabava de ser a campeã da privacidade, foi grave. Mas o caso pode ser pior ainda: a Apple tinha sido avisada do bug na semana passada e nada fez até se tornar notícia, avançou o The Verge.
A 20 de janeiro, Michele Thompson, utilizadora do Twitter, partilhou uma publicação na conta de suporte da Apple na rede social a avisar que tinha encontrado o bug no Facetime. Thompson afirmava que o filho tinha encontrado o bug: “o meu filho adolescente encontrou uma enorme falha de segurança no novo iOS da Apple. Ele pode ouvir um iPhone/iPad terceiro sem o consentimento do utilizador”. Segundo o CNET, o jovem encontrou o erro informático ao tentar fazer uma chamada de grupo durante o jogo Fortnite.
Segundo o tweet, Michele submeteu um relatório oficial de erros informático para a Apple. A empresa disponibiliza online esta opção para quem encontra bugs e recompensa mesmo quem quiser reportá-los, dando dinheiro a esses utilizadores quando os erros apontados são verdadeiros (em inglês chama-se “Bounty Programa”). A mãe do adolescente que descobriu o erro afirma que tentou avisar a Apple por diversas vezes e que queria saber quanto podia ganhar ao avisar a empresa, mas não recebeu qualquer resposta. Mesmo assim, Thompson avisou depois a Apple de todo o caso porque, mesmo não tendo lucro, queria que a falha “não fosse utilizada para fins nefastos”.
No Twitter foi partilhado o vídeo enviado para a Apple a explicar o erro por um empreendedor californiano que conseguiu entrar em contacto com a mãe do jovem.
https://twitter.com/BEASTMODE/status/1090298850764644352
A Apple apenas desabilitou a função de chamadas em grupo do Facetime recentemente, quando o caso já se tinha tornado notícia. Por não ter agido logo que soube do problema, a empresa pode incorrer em processos judiciais em vários países.