O traficante mexicano Joaquín Guzmán, conhecido como El Chapo, terá pago por sexo com menores, que drogava previamente e a que chamava de “vitaminas”. Estas informações, segundo o The Guardian, constam de documentos judiciais tornados públicos na sexta-feira e partiram de relatos de testemunhas ouvidas no processo.
A defesa de El Chapo, através do advogado Eduardo Balarezo, “nega as acusações, que carecem de qualquer comprovação e foram consideradas muito prejudiciais e pouco fiáveis para serem admitidas no julgamento”. Além disso, a defesa de El Chapo questiona o facto de esta informação ser tornada pública numa altura em que o júri se prepara para deliberar sobre o caso de narcotráfico que envolve o mexicano.
“É lamentável que o material tenha sido divulgado publicamente pouco antes do júri começar as deliberações”, lamenta o advogado de El Chapo. O acesso aos documentos, que estavam selados, foi permitido pelo juiz Brian Cogan depois de várias denúncias. As informações nunca foram, no entanto, apresentadas no julgamento.
De acordo com os relatos de uma testemunha, uma intermediária da confiança de El Chapo conhecida como a “comadre María” enviava fotografias das adolescentes a El Chapo. Depois disso, o traficante fazia as suas escolhas e ele próprio ou os seus colaboradores tinham relações sexuais com as menores a troco de cinco mil dólares (4,4 mil euros). A mesma testemunha acusa o secretário do traficante, o colombiano Alex Cifuentes, de ter tido sexo em “três ou quatro ocasiões” com menores de 15 anos.
Cifuentes, segundo os mesmo relatos, terá ajudado El Chapo a drogar as menores, “colocando uma substância em pó nas suas bebidas por ordem do traficante”. O relato diz ainda que El Chapo chamava às menores “vitaminas” e dizia que estas práticas “lhe davam vida.” Os mesmos documentos descrevem ainda um inquérito conduzido pela agência antidrogas em 1998 — numa prisão mexicana da qual acabaria por escapar dois anos depois — em que El Chapo tentou evitar a extradição para os EUA a troco de informações sobre cartéis rivais.
El Chapo, o líder do cartel de Sinaloa, é acusado de chefiar um império do narcotráfico que inundou os EUA com pelo menos 200 toneladas de cocaína e que faturou 14 mil milhões de dólares (12,23 mil milhões de euros). Já a defesa alega que as testemunhas que denunciaram o traficante, estão na verdade a arranjar um bode expiatório para os crimes que elas próprias cometeram.
Defesa de El Chapo diz que processo é “uma fantasia” e pede absolvição