O cardeal francês de Lyon Philippe Barbarin foi condenado a seis meses de prisão com pena suspensa por não ter participado oficialmente as denúncias que recebeu de abusos sexuais de um padre a menores de idade. A notícia é avançada pelo jornal francês Le Monde. Além do cardeal, foram ainda condenados outros cinco membros da diocese, também por terem compactuado com os abusos sexuais (não os denunciando).
Os abusos terão sido cometidos por um padre da diocese, Bernard Preynat, entre 1986 e 1991. “Dezenas de menores” estarão entre as vítimas, apontou a Agência de Notícias Católica. Barbarin estava sujeito a uma pena que poderia ir até aos três anos de prisão e uma multa que poderia atingir os 50 mil dólares, cerca de 44 mil euros à taxa de câmbio atual.
O padre foi impedido de lidar grupos de escuteiros masculinos no início dos anos 1990, mas só em 2015 foi afastado das suas funções na diocese pelo cardeal Barbarin. Este garante ter aberto uma investigação depois de ter sido informado das ações de abuso sexual, o que garante ter acontecido em 2014. O advogado das vítimas, Jean Boudot, garante contudo que Barbarin estava a par das denúncias pelo menos desde 2010.
Os abusos sexuais foram tornados públicos pela primeira vez em 2015, quando nove homens acusaram o padre Bernard Preynat de ter abusado sexualmente deles quando eram menores. Só depois as vítimas decidiram interpor um processo judicial contra outros membros da diocese que estavam a par dos abusos e não os denunciaram.
Apesar de uma primeira investigação sobre o caso ter sido arquivada, em 2016, o processo foi reaberto depois de um grupo de vítimas com mais de 80 membros ter-se juntar para acusar o padre de abusos sexuais, segundo apontou o jornal inglês The Guardian, citado pela Agência de Notícias Católica (CNA). O padre francês que é acusado de ter cometido abusos sexuais a menores entre 1986 e 1991, Bernard Preynat, será julgado até ao final de este ano, refere o Le Monde.
Em 2018, o Vaticano recebeu cerca de 900 denúncias de abusos sexuais praticados pelo clero, noticiou o El País. Em fevereiro, os líderes da Igreja Católica estiveram no Vaticano para discutir os abusos sexuais na Igreja, numa cimeira dedicada ao tema. Nesse momento, o Papa Francisco apelou aos bispos para participarem as denúncias de abusos sexuais que receberem às autoridades civis.
Em Portugal, o cardeal-patriarca de Lisboa, D. Manuel Clemente, afirmou que até ao mês de abril de este ano deverão ser adotadas novas medidas para prevenir os abusos sexuais cometidos por membros do clero e para acompanhar as vítimas. Foi ainda elaborado um guia prático sobre as atitudes a tomar em casos de abuso sexual de menores, que terá “normas mais concretas e operativas” e irá “facilitar o serviço” aos bispos portugueses. D. Manuel Clemente admitiu ainda “reforçar” a Igreja portuguesa com meios e pessoas para lidar com os casos de abusos sexuais.
Antecipando a cimeira do Vaticano, o Observador publicou uma longa série de investigações aos casos de abusos sexuais no interior da Igreja Católica Portuguesa e sobretudo a resposta dos bispos portugueses às denúncias que receberam. A investigação concluiu que apesar de em Vila Real a Igreja Católica ter sido mais dura do que as autoridades civis face, houve diversos casos de encobrimento dessas denúncias, ao longo dos últimos anos.
Ministério Público pensou acusar a hierarquia da Igreja por não ter denunciado padre