A União Europeia fechou todo o seu espaço aéreo a voos do Boeing 737 MAX 8. A decisão foi tomada na tarde desta terça-feira pela Agência Europeia de Segurança Aérea (EASA), depois de dezenas de países terem proibido o voo daquele modelo nos seus espaços aéreos. A proibição abrange 32 países e entrou em vigor às 19h. Portugal não fazia parte do grupo de países que decidiu unilateralmente, mas passa agora a estar abrangido pela decisão.
Em comunicado, a EASA garantiu que está a acompanhar as investigações à queda do avião da Ethiopian Airlines, que este domingo provocou a morte a 157 pessoas. Além do modelo deste avião, a proibição diz respeito também ao modelo MAX 9.
Entretanto, a Autoridade Nacional de Aviação Civil anunciou que vai seguir as orientações da EASA e fechar o espaço aéreo português àqueles aviões. Numa nota divulgada esta terça-feira à tarde, pode ler-se que o regulador vai “interditar o espaço aéreo nacional e sob jurisdição portuguesa a todos os voos operados por aeronaves Boeing 737 — 800 MAX e 737 — 900 MAX, por qualquer transportadora aérea que pretenda aterrar, descolar ou sobrevoar”.
A pressão é muita, com dezenas de países a proibirem os aparelhos nos seus espaços aéreos e a não os deixarem operar. Esta terça-feira à noite, a reguladora de aviação americana reiterou o que já vinha a dizer. Em comunicado, a Administração Federal de Aviação (FAA) declarou que não há “bases” para ordenar que os Boeing 737 MAX deixem de operar.
Há mais de 30 companhias aéreas a usar o modelo Boeing 737 MAX 8. Destas, há pelo menos 27 que já interromperam os voos com os aviões deste modelo — incluindo a Ethiopian Airlines — e mais duas que se preparam para o fazer, segundo a BBC. Dezenas de países, como o Reino Unido, Austrália, Alemanha, França, Singapura, Irlanda, Malásia, Omã, Mongólia, Coreia do Sul, Holanda, Itália, Polónia e Bélgica, impediram estas aeronaves de entrarem no seu espaço aéreo.
Além destes países, a China ordenou a todas as companhias aéreas com bandeira chinesa que parassem de imediato de usar estes aviões.
Há nove companhias com estes modelos a operar em Portugal: a Norwegian Air Shuttle, que já deixou de usar os aviões; todas as companhias do grupo TUI (cinco), Enter Air, Royal Air Maroc, Smartwings e Turkish Airlines. As companhias aéreas portuguesas não usam este modelo. Veja a lista completa abaixo do gráfico.
A interrupção dos voos com o Boeing 737 MAX 8 foi motivada pela queda de um avião da Ethiopian Airlines, este domingo que matou 157 pessoas. A caixa negra do avião foi recuperada, mas ainda não são conhecidas as causas do acidente. De qualquer forma, os problemas identificados pelo piloto e a maneira como caiu o avião fazem lembrar um acidente com o mesmo modelo na Indonésia, com a companhia Lion Air, em outubro do ano passado.
Os voos em Portugal já sofreram consequências por causa da decisão inicial de vários países não permitirem o voo daquele modelo. Esta terça-feira à tarde, no Aeroporto Internacional da Madeira, havia um Boeing 737 MAX 8 retido depois de o voo da companhia aérea Norwegian Airlines ter sido cancelado. Porém, segundo avançou o Diário de Notícias da Madeira, o avião acabou por não embarcar os passageiros e levantou voo, provavelmente de regresso a Oslo, capital da Noruega, apenas com a tripulação.
Países que já suspenderam o voo do Boeing 737 MAX 8 do seu espaço aéreo:
- Reino Unido
- Austrália
- Alemanha
- França
- Singapura
- Irlanda
- Omã
- Mongólia
- Malásia
- Coreia do Sul
- Holanda
- Itália
- Polónia
- Bélgica
- Emirados Árabes Unidos
- Kuwait
- Nova Zelândia
- Ilhas Fiji
- Macau
- Hong Kong
Companhias que já interromperam os voos:
- Ethiopian Airlines (Etiópia)
- Shenzhen Airlines (China)
- China Eastern Airlines (China)
- Air China (China)
- Hainan Airlines (China)
- China Southern (China)
- Xiamen Airlines (China)
- Shanghai Airlines (China)
- Lucky Air (China)
- Fuzhou Airlines (China)
- Kunming Airlines (China)
- Okay Airways (China)
- 9 Air (China)
- Royal Air Maroc (Marrocos)
- SilkAir (Singapura)
- Garuda Indonesia (Indonésia)
- Shandong Airlines (China)
- Lion Air (Indonésia)
- Aeromexico (México)
- Aerolíneas inas (Argentina)
- Cayman Airways (Ilhas Caimão)
- Comair Airways (África do Sul)
- Eastar Jet (Coreia do Sul)
- Jet Airways (Índia)
- GOL (Brasil)
- Turkish airlines (Turquia)
- MIAT (Mongólia)
- Norwegian Air Shuttle (Noruega)
- SpiceJet (Índia)
- S7 Airlines (Rússia)
Companhias que estão em conversações com a Boeing ou a monitorizar a situação:
- Flydubai (Dubai)
- TUI Group (Bélgica e Holanda)
- Air Italy (Itália)
- Southwest Airlines (EUA)
- WestJet (Canadá)
- LOT Polish Airlines (Polónia)
- American Airlines (Estados Unidos da América)
- Icelandair (Islândia)
Outras companhias com aviões Boeing 737 MAX 8:
- Air Canada (Canadá)
- Corendon Airlines (Turquia)
- Enter Air (Polónia)
- Malindo Air (Malásia) — pertence ao grupo Lion Air (cujo avião caiu em outubro)
- Mauritania Airlines (Mauritânia)
- Oman Air (Omã)
- Smartwings (República Checa)
- Sunwing Airlines (Canadá)
- Turkish Airlines (Turquia)
O que dizem as autoridades de aviação?
- Administração Federal de Aviação (FAA)
Além do comunicado da noite desta terça-feira, no domingo a autoridade de aviação norte-americana já tinha afirmado que ajudaria as autoridades etíopes a investigar o acidente. Após a queda do avião, a FAA — responsável pela certificação de todos os modelos Boeing 737 Max 8 — informou que enviou uma diretriz de navegabilidade com o intuito de “aconselhar as companhias aéreas e os pilotos em treino a desativarem os controlos automáticos em caso de anomalia“, cita a CNN.
Para além disso, os Estados Unidos vão obrigar a empresa Boeing a fazer modificações no ‘software‘ e sistema de controlo dos modelos de aviões 737 MAX 8 e 737 MAX 9. A ordem dada ao fabricante de aviões norte-americano pela Agência Federal de Aviação norte-americana terá de ser cumprida “até abril, o mais tardar“, foi anunciado também na segunda-feira.
- Agência Europeia da Segurança Aérea da Aviação
A Agência Europeia de Segurança Aérea emitiu na tarde desta terça-feira um comunicado no qual anunciou a interdição de todo o espaço aéreo da União Europeia a voos do Boeing 737 MAX 8 e MAX 9. A medida entrou em vigor às 19h e abrange 32 países. No comunicado, a EASA assegurou também que está a monitorizar a investigação sobre as causas da queda do avião na Etiópia, oferecendo todo o apoio necessário.
EUA isolados dizem que o avião é seguro
Depois de ter sido apertado o cerco à Boeing com a proibição de dois modelos de sobrevoar o espaço aéreo da União Europeia, os Estados Unidos estão sobre pressão e para já não tomam qualquer decisão. O regulador americano de aviação, companhias aéreas e fábricas de aeronaves mantêm a posição de que o Boeing 737 MAX 8 é seguro.
Se ao início da manhã desta terça-feira, em comunicado, a FAA revelou que não iria tomar qualquer decisão para já e que “não foram fornecidos dados para tirar conclusões ou tomar quaisquer ações”, ao final da noite emitiu um novo comunicado referindo que não há motivos para deixar os aparelhos em terra.
Airplanes are becoming far too complex to fly. Pilots are no longer needed, but rather computer scientists from MIT. I see it all the time in many products. Always seeking to go one unnecessary step further, when often old and simpler is far better. Split second decisions are….
— Donald J. Trump (@realDonaldTrump) March 12, 2019
O presidente norte-americano também se pronunciou sobre o assunto. Donald Trump escreveu no Twitter que os aviões “estão a tornar-se muito complexos para voar” e que “já não são necessários pilotos, mas sim cientistas de informática do MIT”.
Ainda nos Estados Unidos, o senador Richard Blumenthal enviou uma carta aos CEOs das companhias americanas American Airlines, Southwest Airlines e United Airlines a pedir para que não deixem voar os seus Boeing 737 MAX 8 até que a FAA obtenha respostas. Na missiva, citada pela CNN, Blumenthal escreveu: “A indústria aeronáutica americana tem uma longa história de segurança e excelência, em parte graças à confiança que os passageiros e familiares podem depositar nas transportadoras aéreas e operadoras”.
Texto atualizado às 09h47 de quarta-feira, dia 13 de março.
Corrigido: a Eastar Jet é uma companhia da Coreia do Sul e não da Coreia do Norte como inicialmente indicado.