Rosa Grilo e o amante António Joaquim foram esta segunda-feira acusados pelo Ministério Público (MP) de crimes de homicídio qualificado agravado, profanação de cadáver e detenção de arma proibida, informou a Procuradoria-Geral Distrital de Lisboa (PGDL). O MP requereu que o julgamento seja realizado com tribunal de júri.

Foi ainda deduzido um pedido de indemnização civil para o filho de Rosa Grilo e do marido. O MP pediu a “aplicação da pena acessória de declaração de indignidade sucessória à arguida”, isto é, que a viúva de Luís Grilo fique sem herança — até porque os seguros do triatleta no valor de mais de meio milhão de euros, terão sido, no entender da investigação uma das motivações do crime. O MP requereu também a “suspensão do exercício de função ao arguido”, que era oficial de justiça, “bem como, a recolha de ADN a ambos“.

Presos preventivamente há seis meses, os dois arguidos estão agora formalmente acusados pelo morte do triatleta Luís Grilo, com que a arguida estava casada, e arriscam-se a uma pena entre 12 e 25 anos de prisão.

No essencial está indiciado que a arguida, casada com a vítima, iniciou relacionamento amoroso extraconjugal com o coarguido, tendo ambos combinado e planeado tirar a vida àquele“, lê-se na nota publicada no site da PGDL.

O MP entendeu que o homicídio terá sido praticado “entre o fim do dia 15 de julho de 2018 e o início do dia seguinte, no interior da residência do casal”. “Por forma a ocultar o sucedido, ambos os arguidos transportaram o cadáver da vítima, para um caminho de terra batida, distante da residência, onde o abandonaram”, lê-se.

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Os dois arguidos foram detidos no dia 26 de setembro, por suspeitas de serem os autores do homicídio de Luís Grilo, tendo-lhes sido aplicada a medida de coação de prisão preventiva três dias depois. Mas o caso veio a público muito tempo antes, quando, a 16 de julho, Rosa Grilo deu conta do desaparecimento do marido às autoridades, alegando que o triatleta tinha saído para fazer um treino de bicicleta e não tinha regressado a casa.

Seguiram-se semanas de buscas e de entrevistas dadas por Rosa Grilo a vários meios de comunicação  — nas quais negava qualquer envolvimento no desaparecimento do marido, engenheiro informático de 50 anos. O caso viria a sofrer uma reviravolta quando, já no final de agosto, o corpo de Luís Grilo foi encontrado, com sinais de grande violência, em Álcorrego, a mais de 100 quilómetros da localidade onde o casal vivia — em Cachoeiras, no concelho de Vila Franca de Xira. Agora, as buscas davam lugar a uma investigação de homicídio e, novamente, Rosa Grilo foi dando entrevistas em que negava qualquer envolvimento no, agora, assassinato do marido.

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A prova recolhida pela PJ  levou esta força policial a concluir que Luís Grilo foi morto a tiro, no quarto do casal, por Rosa Grilo e António Joaquim, e deixado depois no local onde foi encontrado. O triatleta terá sido morto a 15 de julho, por motivações de natureza financeira e sentimental. A tese de Rosa Grilo é, no entanto, diferente: segundo as declarações que prestou no primeiro interrogatório — e que veio a reforçar em várias cartas que enviou a partir da prisão para meios de comunicação — Luís Grilo terá morrido às mãos de três homens (dois angolanos e um “branco”) que lhe invadiram a casa em busca de diamantes.

Os dois arguidos vão continuar em prisão preventiva, pelo menos, mais três meses. A juíza do Tribunal de Vila Franca de Xira responsável pelo processo, Andreia Valadas, decidiu na passada quinta-feira manter em prisão preventiva os dois suspeitos do crime, na sequência de uma reavaliação da medida de coação aplicada, de três meses em três meses, exigida por lei.

Como estão detidos desde o dia 26 de setembro do ano passado, esta foi, por isso, a segunda vez que a medida de coação foi reavalidada — a primeira reavaliação foi feita a 24 de dezembro e a decisão foi igual: manter a medida de prisão preventiva. A viúva do triatleta vai, assim, aguardar os próximos passos judiciais no Estabelecimento Prisional de Tires e o amante manter-se-á na prisão anexa à sede da Polícia Judiciária (PJ), em Lisboa.

Triatleta. Tribunal decide manter Rosa Grilo e António Joaquim em prisão preventiva