José Mendonça (Zeca) foi assessor de imprensa do PSD durante décadas, tendo lidado com praticamente todos os líderes do partido: 17 no total. Foi como segurança que começou a trabalhar no PSD, em 1974, tendo passado em 1977 a assessor de imprensa, lugar que manteve durante 40 anos.

O velório decorre este sábado, a partir das 18 horas, na Basílica da Estrela onde vai realizar-se uma missa, no domingo pelas 14h30. O funeral segue depois para o Cemitério da Galiza no Estoril.

Em finais de 2017, surpreendeu grande parte do meio político e jornalístico quando aceitou o convite de Marcelo Rebelo de Sousa para se juntar à Casa Civil da Presidência da República. Zeca Mendonça morreu esta quinta-feira, vítima de cancro, aos 70 anos.

Zeca Mendonça sai do PSD para assessorar Marcelo em Belém

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O PSD emitiu um comunicado de “profunda consternação” pela morte de Zeca Mendonça, escrevendo que “faltam as palavras para expressar a sua importância para o Partido e para todos aqueles com quem se cruzou ao longo da vida”:

“Foi com profunda consternação que o Partido Social Democrata recebeu a notícia do falecimento do histórico assessor Zeca Mendonça.

Nesta hora, faltam as palavras para expressar a sua importância para o Partido e para todos aqueles com quem se cruzou ao longo da vida. Dedicação, seriedade e amizade são apenas alguns dos valores em que pensamos quando o relembramos.

Nesta hora difícil, o Partido endereça toda a família e amigos as mais sentidas condolências. O seu legado permanecerá para sempre connosco”.

Antes, já Rui Rio tinha reagido no Twitter, afirmando que Zeca Mendonça “faz parte da história do PPD/PSD” e destacando sua “competência, honestidade, dedicação, simpatia e disponibilidade”.

Marcelo, Cavaco, Barroso, Santana, Mendes e Balsemão. Todos recordam Zeca. “Nunca esquecerei o quanto me ajudou”, diz Cavaco

“Competente, leal, devoto e discreto”, foi assim que Marcelo Rebelo de Sousa reagiu à notícia e se despediu de Zeca Mendonça em declarações ao Expresso. Ao Observador contou como foram as últimas conversas com o assessor, companheiro de partido e amigo de mais de meio século. E como as sondagens do PSD ainda “faziam brilhar os seus olhos”. No site da Presidência, deixou uma nota de evocação onde destacou “as excecionais qualidades de caráter, personalidade, devoção à causa coletiva, competência e humanidade, que havia já revelado durante um período de quatro décadas na vida partidária e política nacional”.

O Presidente da República diz ainda de Zeca Mendonça que demonstrou “sempre, que as virtudes pessoais valem mais do que os cargos e as funções, e que a força da Democracia nasce da humildade e contributo de todos os dias ao serviço dos outros”.

Marcelo agradece o exemplo do “companheiro de meio século de percurso comum” e recorda “com infinita saudade, a sua inexcedível amizade”.

Marcelo recorda últimas conversas com Zeca Mendonça: “O mesmo brilho no olhar para apurar como iam as sondagens do PSD”

Numa nota escrita enviada ao Observador, o ex-Presidente da República Cavaco Silva também já reagiu:

“Foi com tristeza que tomei conhecimento da morte do Zeca Mendonça, um homem bom a quem o PSD e cada um dos seus líderes muito devem. A propósito do seu aniversario, há uns dias, tive oportunidade de transmitir ao Zeca e à família que nunca esquecerei o quanto ele me ajudou na minha vida política. Foram dezenas de campanhas feitas com o seu apoio direto, que mostraram a sua enorme lealdade, capacidade e dedicação, ao PSD e, dessa forma, a Portugal. Presto-lhe uma sentida homenagem”.

Zeca Mendonça esteve na sede do PSD desde os anos 70, tendo trabalhado com todos os líderes sociais-democratas. Francisco Pinto Balsemão foi um deles, e enaltece agora, numa nota enviada ao Observador, o “grande exemplo de que é possível dedicar-se e entregar-se a uma causa — neste caso, a social-democracia e o PSD — sem se deixar envolver nas detestáveis tricas partidárias”.

Santana Lopes, também em declarações ao Observador, recorda “um grande amigo” e “confidente de vários presidentes do PSD” que “devia ter sido deputado”.

“Estamos todos chocados. É um grande amigo, acima de tudo, é assim que eu gosto de me lembrar dele. Serviu vários presidentes do PSD com muita competência e acima de tudo com uma extraordinário afabilidade com toda a gente.
Foi até um confidente de vários presidentes do PSD. Quantos de nós não recorremos a ele? Eu sempre lhe disse, umas vezes em tom de brincadeira, e outras a sério, que ele devia ser deputado. E ele serviu o parlamento e serviu a democracia. Era um homem muito, muito bom.”

José Manuel Durão Barroso, ex-líder do PSD e ex-presidente da Comissão Europeia, replica a frase usada por Rui Rio sobre “o nosso Zeca” e acrescenta: “Uma pessoa muito boa que faz parte da história do PSD”.

Também Luís Marques Mendes descreve Zeca Mendonça como uma “pessoa fantástica”, “leal”, “competente” e “dedicada”. “De uma lealdade escrupulosa, de uma dedicação inexcedível, de uma competência sempre discreta e eficaz. O PSD deve-lhe muito. Pela minha parte, perdi um grande Amigo”, disse o ex-líder do PSD em declarações ao Observador.

As reações, de resto, começam a multiplicar-se nas redes sociais. Paulo Rangel, eurodeputado do PSD que foi também líder parlamentar daquele partido, lembra o “poder de fazer bem”. “Atento, previdente, discreto, nunca se impunha e impôs-se-nos a todos. Nele e com ele, o humanismo era poder. O poder de fazer bem”, escreveu. Carlos Moedas destaca o “grande ser humano” além de “grande profissional”.

Paulo Mota Pinto, atual presidente da mesa do Conselho Nacional do PSD disse, na SIC Notícias, que esta é uma “notícia muito triste” e destaca “o grande profissional” que Zeca Mendoça foi: “Sabia distinguir as suas posições das suas funções”.

Mas não é só dentro do PSD que a notícia da morte do histórico assessor de imprensa é sentida. A secretária-geral adjunta do PS, Ana Catarina Mendes, também comentou a morte de Zeca Mendonça com quem disse ter “privado muito” apesar de serem de partidos diferentes. Ana Catarina Mendes disse ainda na SIC Notícias que pôde “testemunhar o brio que Zeca colocava no seu trabalho, a excelência da assessoria parlamentar e a sua disposição e capacidade de falar com todos os partidos e com todas as pessoas sempre com registo de bom humor e de cultura democrática”.

Também a deputada e vereadora do PSD em Lisboa, Teresa Leal Coelho, agradece a Zeca por ter sido “um porto de abrigo”. “Leal, amigo e comprometido connosco e com os nossos valores. Foi sempre um porto de abrigo. Que grande militante tivemos! Muitas saudades. Que perda irreparável! Lamento a vossa perda Rosa, Isabel, Jorge e Vasco e de toda a família. Hoje o mundo, o PSD e todos os que contámos com o Zeca estamos muito desprotegidos!”, escreveu Teresa Leal Coelho no Facebook.

https://www.facebook.com/vereacaopsdcml/photos/a.708361656025868/984208691774495/?type=3&theater

Apesar de ter trabalhado na São Caetano à Lapa durante a maior parte do tempo, Zeca era também assessor parlamentar, e são muitos os deputados que começam a deixar mensagens de homenagem nas redes sociais. Margarida Balseiro Lopes, líder da JSD, diz que “hoje não é só um dia triste para o PSD que vê partir um pedaço da sua história. É um dia triste para todos aqueles que tiveram a honra de conhecer e admirar o Zeca”.

Cristóvão Norte, atual deputado do PSD, no Twitter, fala na “argamassa do PSD” e lembra o “homem extraordinário”. Carlos Abreu Amorim lembra as suas “histórias extraordinárias”, a “elegância que punha no que fazia” e a “sabedoria de quem conhecia o PSD como ninguém”.

https://twitter.com/cristovaonorte/status/1111385832999444481

Artigo atualizado às 11h50 de sexta-feira com informação sobre velório e funeral de Zeca Mendonça