O presidente da Ford, Jim Hackett, juntou-se ao grupo cada vez maior de executivos da indústria automóvel que acreditam que a massificação dos carros autónomos não vai acontecer tão cedo quanto se pensa. O responsável não tem dúvidas que esta será uma tecnologia “verdadeiramente poderosa”, mas nos próximos anos estes veículos terão aplicações muito restritas, porque “os problemas são muito complexos”.

A indústria “sobrestimou a chegada dos veículos autónomos”, comentou Hackett no início da semana, num evento automóvel em Detroit, citado pela Bloomberg. A gigante norte-americana antecipa que irá produzir o seu primeiro carro sem condutor em 2021, mas “a sua utilização será muito restrita, muito geo-limitada, como costumamos dizer”. Quando a tecnologia der o salto e quando os problemas “complexos” forem resolvidos, porém, é uma tecnologia que irá mudar o mundo — incluindo, até, ironiza, “a forma como o consumidor recebe a sua pasta de dentes em casa”.

Os comentários de Hackett e de vários responsáveis do setor automóvel contrastam com o otimismo desmedido que se notava há poucos anos. Em novembro, o presidente-executivo da Waymo (empresa que se autonomizou da Google) reconheceu que “a condução autónoma iria sempre ter alguns constrangimentos” e foi citado, até, a reconhecer que talvez a tecnologia nunca irá desenvolver-se ao ponto de um carro autónomo poder viajar para qualquer lado.

Também Maarten Sierhuis, ex-quadro da NASA que hoje é o principal responsável pela estratégia tecnológica da Nissan, comentou no mês passado que um automóvel sem qualquer participação humana é um “sistema inútil“. Outro revés para a investigação nesta indústria foi o acidente que matou uma mulher, no Arizona, EUA, no ano passado — que levou a Uber a limitar a realização de testes à cidade de Pittsburgh.

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