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Notre Dame. Incêndio consumiu dois terços da catedral, que vai ser reconstruída

Este artigo tem mais de 5 anos

Incêndio na catedral de Notre Dame foi "acidental" e começou na zona em obras. A torre central caiu e 2/3 do teto desabaram. Macron anunciou obras de reconstrução.

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O incêndio de grandes proporções que destruiu parte da catedral de Notre Dame, em Paris, foi dado quase totalmente extinto na madrugada desta terça-feira. As últimas informações sobre o estado da catedral foram dadas esta terça-feira de manhã pelo secretário de Estado do Interior francês Laurent Nuñez e pelo ministro da Cultura do país Franck Riester: “Todo o telhado está destruído”, uma parte da abóbada “foi derrubada” e o cruzeiro (parte que separa a nave central de uma catedral da sua capela-mor) e o transepto norte “afundaram-se”. O grande órgão da catedral foi salvo, mas terá de ser restaurado.

Algumas das principais relíquias religiosas da catedral (como a Coroa de Espinhos que se acreditar conter partículas da coroa usada por Jesus Cristo na crucificação), por sua vez, foram “possíveis de preservar” graças ao trabalho dos bombeiros, acrescentou o ministro da Cultura Franck Riester, citado pelo jornal espanhol El Mundo. A rosácea norte também foi “possível de preservar”, mas o ministro da Cultura mostrou-se cauteloso quanto ao destino das restantes duas rosáceas de vitral — é preciso mais tempo para averiguar o seu estado. Sabe-se já com elevado grau de certeza que os vitrais sofreram danos. Não há ainda garantias sobre o estado das pinturas que estavam no interior da catedral de Notre Dame, dado que alguns quadros, pela sua dimensão, não puderam ser retirados na evacuação e terão sido danificados com água. Algumas pinturas deverão ter de ser restauradas.

O incêndio “à partida não tem origem criminosa e parece que o fogo partiu do lugar onde estão os andaimes”, acrescentou o ministro da Cultura, citado pelo El Mundo.

“Mais 15 minutos e o edifício estava perdido”

O fogo, que deflagrou na segunda-feira por volta das 18h50 (17h50 em Lisboa) consumiu dois terços do topo do edifício, mas, como disse o Presidente francês, “o pior foi evitado”. A torre central e o teto sucumbiram totalmente às chamas, que chegaram a ameaçar a torre norte. Mas as duas torres do edifício foram poupadas às chamas e a estrutura, o altar, a cruz de Cristo e as relíquias não terão sido destruídos. Os resultados da investigação preliminar dizem que o incêndio foi “acidental”. Emmanuel Macron anunciou obras de reconstrução.

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Na manhã desta terça-feira, os bombeiros franceses confirmaram, através do Twitter, que “a estrutura da catedral foi salva e as principais obras de arte foram salvaguardadas, graças à ação combinada dos vários serviços do Estado”. “Depois de mais de nove horas de combate feroz, quase 400 bombeiros de Paris superaram o fogo aterrador. Dois polícias e um bombeiro ficaram ligeiramente feridos”, acrescentaram os bombeiros.

Durante a madrugada, o secretário de Estado do ministério do Interior francês Laurent Nuñez tinha adiantado que para esta terça-feira estava prevista às 8h a primeira de uma série de reuniões contínuas para analisar os estragos e avaliar como é que a estrutura da catedral iria resistir. No encontro estiveram presentes “especialistas e arquitetos” franceses que tentaram ” determinar se a estrutura [da catedral] está estável e se os bombeiros podem mover-se no interior para continuar a sua missão”, apontou o secretário de Estado, citado pelo Le Figaro.

No final da reunião, o secretário de Estado confirmou que “o fogo está extinto” e que a estrutura, “apesar de sinais de fragilidade que ainda exigem trabalhos de segurança que vão durar 48 horas”, se encontra estável. Laurent Nunez sublinhou ainda as capacidades dos bombeiros que, correndo “perigo de vida”, combateram as chamas na catedral. “Mais 15 minutos e o edifício estava perdido”, afirmou Nunez, no Twitter. As vulnerabilidades da estrutura estão identificadas e encontram-se sobretudo na zona da abóbada.

Depois de os bombeiros terem dito que não havia a certeza de conseguirem impedir a propagação do fogo ainda esta noite [segunda-feira]” — e de Laurent Nunez ter admitido também que “salvar a Catedral de Notre Dame” não era “garantido” — o secretário de Estado do ministro do Interior anunciou depois que o fogo tinha diminuído em intensidade”: “Podemos pensar que a estrutura da Notre-Dame está a salvo, especialmente o norte do campanário, e preservada dentro da sua globalidade”.

Por volta das 3h00 os bombeiros começavam a respirar de alívio, anunciado que o fogo estava “parcialmente extinto”. “O fogo está completamente sob controlo. Há ainda incêndios residuais para extinguir”, avançou o tenente-coronel Gabriel Plus, porta-voz do Corpo de Bombeiros de Paris.

Veja no vídeo aqui em baixo o momento em que os bombeiros entram no edifício para combater as chamas.

https://twitter.com/LinePress/status/1117894845115142144?ref_src=twsrc%5Etfw%7Ctwcamp%5Etweetembed%7Ctwterm%5E1117894845115142144&ref_url=http%3A%2F%2Fwww.lefigaro.fr%2Factualite-france%2F2019%2F04%2F15%2F01016-20190415LIVWWW00055-en-direct-incendie-notre-dame-de-paris.php

De acordo com Anna Hidalgo, presidente da câmara de Paris, há um grande buraco ao centro da nave principal da catedral, no telhado, mas o altar está intacto. A cruz de Cristo também, tanto que continua no mesmo local. Isso mesmo é comprovado pelas fotografias captadas no interior do edifício quando o presidente francês entrou na Catedral por breves momentos, já o fogo estava controlado.

Créditos: PHILIPPE WOJAZER/AFP/Getty Images

Macron: “Esta história é nossa, mas arde”

Emmanuel Macron falou à nação depois do incêndio: “Esta história é nossa, mas arde. Mas eu quero ter uma palavra de esperança. Essa esperança é o orgulho que devemos ter, de todos aqueles que lutaram para que o pior não aconteça. Há mais de 800 anos, soubemos como construir esta catedral e, através dos séculos, fazê-la crescer e melhorar. Agora vamos construi-la todos juntos”. Segundo ele, “o pior foi evitado mesmo que a batalha não tenha sido totalmente vencida”.

Pelo menos dois empresários já anunciaram que vão ajudar financeiramente nas obras de reconstrução. François-Henri Pinault, diretor executivo da Kering (dona da Balenciaga, Yves Saint Laurent e Gucci), vai doar 100 milhões de euros para as obras de reconstrução anunciadas pelo presidente francês. Já Bernard Arnault, dono do grupo LVMH, vai doar 200 milhões de euros.

Ao mesmo tempo, esta manhã em Estrasburgo, o presidente do Parlamento Europeu, Antonio Tajani, pediu a todos os eurodeputados que doassem o seu salário desta terça-feira para ajudar a financiar os trabalhos de reconstrução da catedral, como explica a Associated Press. Os eurodeputados estão reunidos em Estrasburgo num plenário que antecede a realização das eleições europeias. De acordo com uma estimativa feita pelo jornal espanhol La Vanguardia, se os 751 eurodeputados doassem os seus rendimentos de hoje, seria possível angariar cerca de 225.300 euros.

[Estas estátuas voaram pelos céus de Paris e salvaram-se do fogo por quatro dias]

Pelo menos 16 estátuas e obras de arte foram poupadas das chamas por terem sido retirados para serem restauradas. E, segundo o reitor da catedral de Notre-Dame de Paris, o fragmento da coroa de espinhos com a qual Cristo terá sido coroado pelos soldados romanos e a túnica de Saint-Louis estão a salvo. Mas as três janelas de rosáceas medievais de Notre Dame –ocidental (do ano 1225), a norte (1250) e a sul (1250) — terão explodido por causa do calor intenso, afirma o The Guardian citando “relatos não confirmados”.

O jornal La Croix publicou no Twitter uma imagem aérea obtida por um drone do interior da Catedral de Norte Drame. A fotografia mostra o interior do monumento completamente destruído.

O incêndio foi controlado pelos 500 bombeiros às 21h50 de Lisboa, quatro horas depois de terem sido chamados ao local. O fogo consumiu o topo da catedral, que é um dos monumento mais visitados da Europa. De acordo com o porta-voz da catedral, “toda a estrutura” do edifício esteve “debaixo de chamas”: “Tudo está a arder. A estrutura, que data do século XIX de um lado e do XIII do outro, não sobrará nada. Temos que ver se a abóbada, que protege a catedral, sairá intacta ou não”, disse o porta-voz. Mas uma grande parte conseguiu ser salva.

A Île de la Cité foi evacuada por decisão do gabinete de crise montado no edifício da Câmara Municipal logo após o incêndio. Todos os habitantes estão a passar a noite em Blancs Manteaux, na rua Vieille du Temple, em camas cedidas por assistentes sociais. Os turistas também foram retirados para outras zonas de Paris. Todos receberam a visita da presidente da Câmara.

Uma investigação foi aberta para determinar as causas do incêndio, confirmou ao Le Fígaro a procuradoria de Paris, que em resultados preliminares concluiu que o fogo deflagrou “acidentalmente”. A UNESCO já prometeu ajudar nas obras de reconstrução do edifício. E a Fundação do Património vai lançar na terça-feira uma “coleta nacional” para a reconstrução da Notre-Dame de Paris:”Esta coleta estará disponível na terça-feira, 16 de abril, a partir do meio-dia” no site da fundação.

Marcelo para Macron: “Paris sempre Paris ferida na sua Catedral em chamas”

Anne Hidalgo, a presidente da Câmara parisiense, reagiu no Twitter. “Um incêndio terrível está em curso na Catedral de Notre-Dame, em Paris. Os bombeiros estão a tentar controlar as chamas. Convido todos e cada um a respeitar o perímetro da segurança”. Ainda não se sabe qual foi a origem do incêndio, mas terá deflagrado numa área que estava a ser restaurada. Veja aqui os vídeos do incêndio partilhado por vários utilizadores nas redes sociais.

A Catedral de Notre-Dame de Paris é das mais antigas catedrais do estilo gótico em França e é, atualmente, um dos monumentos históricos mais visitados da Europa. Cerca de 13 milhões de turistas visitam o edifíco todos os anos. É o “quilómetro zero” porque à porta da catedral há uma inscrição no chão que corresponde ao “ponto zero de distância”. É a partir dali tecnicamente que se medem as distâncias para outras cidades de França.

Marcelo Rebelo de Sousa enviou uma mensagem de apoio ao homólogo francês: “Caro Presidente Macron, meu Amigo. Uma dor que nos trespassa o olhar e logo nos marca a alma, Paris sempre Paris ferida na sua Catedral em chamas, um símbolo maior do imaginário coletivo a arder, uma tragédia francesa, europeia e mundial. De Lisboa um abraço sentido”, pode ler-se na página da Presidência.

António Costa já prestou as condolências a Emmanuel Macron: “Acabo de transmitir a minha solidariedade ao Presidente da República Emmanuel Macron e à Presidente da Câmara Anne Hidalgo pelo terrível incêndio na Catedral Notre Dame de Paris. É um pouco da nossa história da Europa que desaparece sob as chamas”, escreveu o primeiro-ministro português no Twitter.

Sinos tocam em homenagem a Notre Dame

Este incêndio ocorreu no segundo dia das celebrações da Semana Santa que culminam com a Páscoa, o principal feriado cristão, que acontece já no próximo domingo. Desde o início de fevereiro até ao final de março, mais de 10 igrejas foram atacadas — ora vandalizadas, ora com pequenos incêndios. A Igreja de São Sulpício, a segunda maior igreja de Paris a seguir a Notre Dame, também foi alvo de um ataque depois de a porta principal em madeira ter sido incendiada a 17 de março.

No Twitter, Michel Aupetit, arcebispo parisiense, mandou uma mensagem “a todos os padres de Paris”: “Os bombeiros ainda estão a lutar para salvar as torres de Notre-Dame de Paris. A estrutura, o telhado e o pináculo foram consumidos. Rezemos. Se desejarem, toquem os sinos de vossas igrejas para convidar à oração”. Muitos padres seguiram o convite do arcebispo e, por isso, tocaram os sinos por longos minutos, como mostram as imagens publicadas nas redes sociais.

O convite à oração também foi recebido pelos católicos em Paris, que se reuniram em vários locais nas ruas francesas para rezarem.

https://twitter.com/Inaki_Gil/status/1117868382785802242

Papa Francisco: Notre Dame é “joia arquitetónica de uma memória coletiva”

O Papa Francisco enviou na manhã desta terça-feira uma mensagem ao arcebispo de Paris, Michel Aupetit: “Na sequência do incêndio que devastou grande parte da catedral de Notre Dame, uno-me à sua tristeza, bem como à dos fiéis da sua diocese, à dos habitantes de Paris e à de todos os franceses. Nestes dias santos, em que recordamos a paixão de Jesus, a sua morte e ressurreição, asseguro-lhes a minha proximidade espiritual e a minha oração”.

“Esta catástrofe danificou gravemente um edifício histórico. Mas estou consciente de que também afetou um símbolo nacional muito amado pelos parisienses e pelos franceses, sejam quais forem as suas crenças. Notre Dame é a joia arquitetónica de uma memória coletiva, lugar de encontro de muitos acontecimentos importantes, o testemunho da fé e da oração dos católicos no seio da comunidade”, lê-se na mensagem.

“Ao mesmo tempo que elogio o valor e o trabalho dos bombeiros que intervieram para circunscrever o fogo, expresso os meus melhores votos para que a catedral de Notre Dame volte a converter-se, graças aos trabalhos de reconstrução e à mobilização de todos, neste bonito tesouro no coração da cidade, sinal da fé dos que a edificaram, igreja mãe da sua diocese, património arquitetónico e espiritual de Paris, de França e da Humanidade”, conclui o líder da Igreja Católica.

O arcebispo Eric Moulin-Beaufort, presidente da Conferência Episcopal Francesa, enviou um comunicado após a tragédia: “Tive um grito de horror. Fui ordenado nesta catedral. Este lugar representa tantos eventos, seja no momento do assassinato do Padre Hamel ou do 800º aniversário. Tenho uma grande lembrança do encontro em frente à catedral depois dos ataques no Bataclan em novembro de 2015. Para um parisiense, a Notre Dame é uma espécie de testemunho”.

E prossegue: “Este drama lembra-nos que nada nesta terra é feito para durar para sempre. Penso muito sobre a diocese de Paris. A missa crismal não pode ser celebrada. É uma parte da nossa carne que está danificada. Mas espero que isso crie um novo impulso, um movimento universal”.

O Vaticano também expressou “incredulidade” e “tristeza” pelo que está a acontecer ao “símbolo da cristandade, na França e no mundo”: “Exprimimos a nossa proximidade com os católicos franceses e com a população parisiense. Rezamos pelos bombeiros e por todos os que fazem o possível para enfrentar esta situação dramática”, acrescentou o porta-voz do Vaticano.

A Igreja católica da Terra Santa também exprimiu a sua solidariedade com a Igreja de França na sequência do devastador incêndio. “Exprimimos a nossa solidariedade com a Igreja de França neste período da semana santa e desejamos o melhor para essa igreja e para os seus fiéis”, indicou a Igreja católica da Terra Santa através de um comunicado divulgado em Jerusalém.

Apoiantes do Estado Islâmico alegram-se com incêndio

De acordo com a plataforma SITE, que monitoriza comunicações de elementos do Estado Islâmico, vários apoiantes do grupo terrorista usaram as redes sociais para manifestar alegria pelo incêndio. Uma das imagens partilhadas nas redes sociais dizia “é hora de dizer adeus ao vosso oratório politeísta” e outra “a cruz está a cair, Deus é grande”.

As estátuas que sobreviveram ao incêndio

As 16 estátuas que foram retiradas da Catedral de Notre Dame a 11 de abril eram de cobre e iriam ser restauradas. Têm três metros de altura, pesam 250 quilogramas cada uma e só deveriam regressar ao edifício em 2022. Quando foram retirados da Catedral, Marie-Hélène Didier, curadora geral do património e responsável pela restauração das estátuas de cobre, esse seria “um evento excecional, mágico, a primeira vez que os vimos desde que foram apresentados pela primeira vez” nos anos 1860.

Quase três horas após o início do incêndio, as chamas continuam a consumir o Notre Dame. De acordo com a Direção Geral da Segurança Civil, não se pode usar água para extinguir as chamas porque isso destruiria o edifício histórico: “A queda de ar neste tipo de edifício poderia de fato levar ao colapso de toda a estrutura”, explicou a instituição nas redes sociais, que adjetiva o incêndio de “difícil”.

As explicações da Direção Geral da Segurança Civil surgiram depois de Donald Trump, o presidente norte-americano, ter dito no Twitter que “talvez tanques de água voadores possam ser usados” para matar as chamas.

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