“Isto já nem parece uma competição, mas a exposição do trabalho de uma pessoa. Quem está a fazer a curadoria, está a fazer um bom trabalho porque a qualidade é consistente”, afirma Rui Caria, o fotógrafo que venceu o prémio nacional, atribuído ao melhor de cada país, nos Sony World Photography Awards (SWPA) 2019.

Considerado o melhor trabalho a vir de Portugal, a fotografia vencedora de Rui Caria apanha o milésimo de segundo em que antes da entrada da noiva na igreja há um percalço com os balões e todos os olhares se concentram numa possível fuga aérea. A foto premiada “está mais perto do fotojornalismo ou da fotografia de rua do que da tradicional fotografia de casamento”, explica o autor, em Londres.

Visitantes de todo o mundo podem ver a fotografia de Rui Caria na exposição anual dos SWPA na Somerset House, em Londres, até dia 6 de Maio. Para além de algum equipamento fotográfico da Sony, o seu prémio é estar aqui entre os melhores do mundo, a representar Portugal naquela que considera ser “uma das mais importantes competições a nível mundial neste momento”.

A fotografia que deu o prémio a Rui Caria

Nestes óscares da fotografia que premeiam os melhores não só de cada país, mas em diferentes categorias, a Itália, logo seguida pela Holanda, arrebatou a maioria dos prémios. Federico Borella venceu em Documentário e foi considerado o fotógrafo do ano, com o seu relato multifacetado de como a subida da temperatura está a causar um aumento drástico de suicídios entre agricultores na India. “Foquei o meu trabalho na palavra ausência e incorporei na sequência de imagens todos os aspectos que contam esta história”, explicou Borella durante a conferência de imprensa reservada aos vencedores. As suas dez imagens em exposição vão desde uma still life de um arado encostado à parede até uma imagem tirada por um drone dos campos amarelados pela seca.

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Na categoria Descoberta, Jean-Marc Cairni e Valentina Piccinni venceram com fotografias que parecem ter sido retiradas de um filme sobre as disparidades culturais da Turquia. É o mais recente trabalho desta dupla que gosta de trabalhar “cidades que estão em transformação, suspensas entre o passado e o futuro” e desta vez se debruçou sobre Istambul.

Jean-Marc Cairni e Valentina Piccinni

Na categoria Desporto, Alessandro Grassani, outro fotógrafo italiano, venceu sem mostrar uma única imagem de competição. As suas fotografias mostram mulheres do Congo, mais precisamente de Goma, no Kive Norte, a “capital mundial da violação”, como foi apelidada esta zona do país, a posar com luvas de boxe. “Estava mais interessado em falar das histórias destas mulheres do que desporto. Para mim, elas são super-heróis”. Grassani venceu pela segunda vez um prémio nos SWPA e promete usar o prémio para continuar a explorar temas relacionados com a mulher.

Alessandro Grassani

Entre todos os nomes dos quatro cantos do mundo, o de Nadav Kander ocupa o maior espaço na parede da Somerset House. O fotógrafo inglês foi reconhecido pela versatilidade do seu trabalho, mas entre o público em geral e no campeonato das celebridades e estrelas da cultura pop, são os seus retratos que vêm imediatamente à memória. Obama, David Lynch e Rami Malek são apenas alguns dos cromos desta extensa e bela coleção.

Talvez menos conhecido – ou celebrado – é o trabalho feito no estuário do rio Tamisa, repleto de poesia em tons de cinza. Ou os corpos cobertos de tinta branca que, sem revelar o rosto, mostram tanto do vazio e da busca que Kander afirma querer representar. Nadav Kander recebeu o prémio Contribuição Extraordinária para a Fotografia durante a cerimónia dos SWPA que teve lugar no hotel Hilton, em Londres.

A exposição dos SWPA 2019 está aberta ao público até dia 6 de Maio na Somerset House, em Londres. Após esta data, o trabalho dos vencedores irá realizar uma digressão mundial, incluindo exposições no Japão, na Alemanha e em Itália.