A Volkswagen está, desde há algum tempo, a preparar-se para alcançar um novo recorde com o seu protótipo eléctrico de competição, o I.D. R. Depois de dominar em provas de rampa, como a americana Pikes Peak, o departamento de competição do construtor está a apurar o comportamento do seu eléctrico para circuito, uma vez que o próximo é o mítico traçado de Nürburgring.
Em termos práticos, esta tentativa da VW será tão vã como a levada recentemente a cabo pela Porsche – por também não existir um termo de comparação directa -, que depois de deixar de participar no campeonato do mundo de resistência em 2017, com o 919 Hybrid, pegou nesse mesmo carro e alterou-o para o tornar mais rápido (deixando assim de estar de acordo com qualquer tipo de regulamento), apenas para bater um recorde que pertencia ao saudoso piloto Stefan Bellof, morto aos comandos de um Porsche, que estabeleceria a melhor volta ao circuito em 1983, durante os treinos cronometrados para os 1000 km de Nürburgring.
O I.D. R é extremamente eficaz e rápido mas, tal como o Porsche, não é comparável com mais nenhum veículo que rode no traçado alemão, onde todos os carros de série vão tentar alcançar o melhor tempo por volta para se poderem vangloriar de serem os melhores dos respectivos segmentos. Mas é mais fácil entender a opção da VW, que está em vias de lançar uma gama completa de veículos a bateria, a começar já com o I.D. a ser mostrado no Salão de Frankfurt, em Setembro, pelo que está apostada em provar que a locomoção eléctrica é tão ou mais rápida do que os modelos com motores a combustão.
Enquanto não chega a possibilidade de fixar um bom tempo no Nürburgring, a VW tem de lidar com a reacção da Peugeot ao recorde alcançado pelos alemães na Rampa de Pikes Peak. Na subida com 20 km, curiosamente quase tanto quanto possui o traçado da pista alemã que o construtor alemão vai enfrentar de seguida, o I.D. R tornou-se o novo recordista (7.57,148) entre os carros com propulsão eléctrica. Mas bateu igualmente o melhor tempo à geral (8.13,878), que pertencia a Sébastien Loeb, no Peugeot 208 T16.
Numa entrevista à Top Gear, o director da Peugeot Sport, Bruno Famin, não se deu como surpreendido por o VW I.D. R, com apenas 680 cv e uns generosos 1100 kg, ter batido o 208 T16, que anunciou 875 cv e 975 kg. Afirmou mesmo que “esperava que os alemães tivessem feito melhor”, do que bater em quase 17 segundos o tempo alcançado pelo carro francês em 2013, uma vez que, segundo ele, “há pelo menos mais 10 a 15 segundos a retirar ao recorde”.
Questionado se a Peugeot iria regressar à rampa americana, para recuperar o melhor tempo que já foi seu, Famin confessou que isso “não acontecerá nos tempos mais próximos”, dado que desenvolver um veículo especificamente com este objectivo “envolve um investimento considerável”. Que, aparentemente, os franceses estão a guardar para um acontecimento especial – o que é pena, pois uma batalha entre ambos iria fazer maravilhas à competição.