O presidente da Agência para o Investimento e Comércio Externo de Portugal (AICEP), Luís Filipe de Castro Henriques, justificou esta sexta-feira a queda nas exportações portuguesas para a China com mudanças na produção da Autoeuropa.

“Houve uma mudança no modelo produzido, que tem outros segmentos que não são voltados para a China”, lembrou à agência Lusa, em Pequim, Castro Henriques, à margem do início de uma visita oficial do Presidente da República, Marcelo Rebelo de Sousa.

O responsável disse ainda que há “todo o interesse” em diversificar as exportações, visto que “há setores que registam grandes flutuações”. As exportações de bens portugueses para a China caíram 21,8% no ano passado, face a 2017, para 657,8 milhões de euros, de acordo com dados do INE.

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As importações de bens de Pequim ascenderam a 2.350 milhões de euros, em 2018, uma subida de 14,5% face ao ano anterior, o que representa um saldo da balança comercial negativo para Lisboa em 1.692 milhões de euros. A queda deve-se sobretudo à redução de 47,2% nas vendas de veículos, que tradicionalmente compõem a maior parcela nas exportações portuguesas para a China, segundo dados da AICEP.

A unidade da Volkswagen em Setúbal, que até 2014 contribuía para mais de metade das exportações portuguesas para o país asiático, passou, entretanto, a focar a sua produção no SUV T-Roc, reduzindo gradualmente o fabrico do modelo Sharan, popular no país asiático.

Estimando que aquela mudança na Autoeuropa teve um impacto de quase 300 milhões de euros nas exportações, no conjunto dos últimos dois anos, o responsável da AICEP defendeu que a “oportunidade é continuar a diversificar”, à medida que a classe média chinesa se alarga.

Em 2018, os setores matérias têxteis (+74%), calçado (+71,7%) ou peles e couros (+28,6%) foram os que mais aumentaram as vendas para a China. Para além do setor automóvel, as maiores quedas ocorreram nos combustíveis minerais (-100%), instrumentos de ótica e precisão (-50,9%) e alimentares (-31,1%).

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O responsável frisou que o “mais importante” para as empresas portuguesas é “perceber que a China está a entrar numa nova fase”, à medida que o consumo se torna no principal motor de crescimento económico, em detrimento das exportações e investimento público. “As pessoas começam a ter um nível de vida diferente, a ter ambições de consumo diferentes. E isso, em consonância com a abertura do próprio Estado chinês para que se importe mais, representa uma oportunidade muito forte para as empresas portuguesas”, disse.

O responsável destacou os setores de consumo pessoal, incluindo vestuário, calçado ou mobiliário, e o segmento de luxo, como sendo aqueles com maior potencial para singrar no mercado chinês.

O responsável da AICEP enfatizou ainda o aparecimento, depois de uma primeira fase de grandes investimentos chineses em Portugal, através de aquisições ou compra de participações, de investidores no setor produtivo, com o objetivo de exportar para a China. “São investimentos, numa escala mais pequena, mas tipicamente são empresários com uma presença relevante na China, o que também nos dá acesso ao mercado”, notou.