O jurista Marco Capitão Ferreira assumiu esta segunda-feira funções como presidente da Empordef, substituindo o economista João Pedro Martins, que saiu a poucas semanas da extinção da holding que gere as participações nas empresas de Defesa.

Em entrevista à Lusa, que será divulgada no próximo fim de semana, o ministro da Defesa Nacional, João Gomes Cravinho, adiantou que o processo de extinção da Empordef vai ser concluído pelo jurista Marco Capitão Ferreira, que iniciou esta segunda-feira funções, depois de João Pedro Martins ter saído “a seu pedido”.

“Estão no processo de serem encerradas as contas, temos a partir de hoje uma nova liderança na Empordef que é o dr. Marco Capitão Ferreira, profundo conhecedor da matéria, que tem vindo a acompanhar e nos dá todas as garantias de poder fechar este capítulo da liquidação e criar condições para uma nova instância do estado no setor da Defesa”, disse.

Professor auxiliar na faculdade de Direito da Universidade de Lisboa, e professor convidado da Academia Militar, Marco Capitão Ferreira foi adjunto jurídico do ex-ministro da Defesa Nuno Severiano Teixeira e administrador da Empordef entre 2008 e 2011.

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Questionado sobre as irregularidades que o anterior presidente da comissão liquidatária da Empordef afirmou publicamente ter denunciado ao Ministério Público, o ministro da Defesa confirmou que “o Ministério Público está a olhar para a matéria” e assegurou “total transparência”.

“Haverá total transparência, essa é a orientação que eu dei aos serviços do Ministério, incluindo à Empordef, para o Ministério Público verificar o que interessar e, se chegar a conclusão que há matéria para mais investigações, muito bem, que assim seja”, disse o ministro.

O ex-administrador do grupo Empordef, que tinha sido nomeado pelo anterior ministro da Defesa, Azeredo Lopes, João Pedro Martins, disse no parlamento que participou ao Ministério Público suspeitas de ilegalidades e irregularidades nas contas da `holding´ e dos extintos Estaleiros Navais de Viana do Castelo, classificando a situação como “alta corrupção”.

João Gomes Cravinho disse que, no que respeita às contas da empresa, em liquidação, “tudo será tratado de forma transparente” e que “no mais” é matéria da Justiça.

Quanto à entidade que irá substituir a Empordef para gerir as participações públicas nas empresas de Defesa, João Gomes Cravinho disse que “boa parte” dos ativos das empresas que constituem o grupo passará para uma nova holding, que terá outro nome.

“A Empordef vem com um conjunto de vícios do passado que importava eliminar e esse processo está em curso. Mas boa parte dos ativos da Empordef passarão à nova entidade, com uma nova linha de orientação estratégica”, disse.

“Hoje em dia, face aos desenvolvimentos [no setor da Defesa] na União Europeia, temos de ter uma liderança estratégica do Estado e a holding será o instrumento para isso”, disse o governante, sustentando que “mais importante do que olhar para o passado é olhar para a realidade hoje”.