O Papa Francisco pediu hoje às autoridades búlgaras que “não fechem os olhos, o coração nem as mãos” aos migrantes, durante o seu discurso no palácio presidencial em Sofia, no âmbito da sua visita ao país. As palavras foram ditas depois de um encontro com o presidente búlgaro, Rumen Radev, que lhe ofereceu um grande frasco do famoso iogurte produzido no país. “A primeira vez que ouvi a palavra Bulgária foi quando a minha avó Rosa me dava o iogurte”, gracejou Francisco.

O Papa iniciou este domingo uma viagem à Bulgária e à Macedónia do Norte, e a agenda inclui uma visita a um campo de refugiados em Sófia e uma oração no memorial dedicado a santa Teresa de Calcutá, em Skopje. A visita, a convite das autoridades dos dois países decorre até terça-feira.

A Bulgária aplicou una política dura contra a migração, construindo uma vedação em arame farpado na sua fronteira com a Turquia, para evitar a entrada de sírios, afegãos e iraquianos que fugiam da guerra. O Papa Francisco recordou que passados 30 anos desde o fim do regime soviético, “que limitava a liberdade”, agora a Bulgária deve enfrentar as consequências da emigração, com mais de dois milhões de búlgaros que deixaram o país.

Reconhecendo que a Bulgária está a fazer esforços para que os jovens não se vejam obrigados emigrar, o sumo pontífice pediu maiores esforços para que se possam encontrar “as condições que lhes permitam levar uma vida digna”. Também sublinhou que a Bulgária tem que encarar o “fenómeno de aqueles que procuram entrar dentro das suas fronteiras, para fugir da guerra e dos conflitos ou da miséria, e tentam alcançar zonas mais ricas do continente europeu, para encontrar novas oportunidades de existência ou simplesmente um refúgio seguro”. Por isso, perante um país que conhece bem “o drama da emigração”, o Papa apelou às autoridades e ao povo búlgaro que não fechem “os olhos, nem o coração nem as mãos a quem toca à vossa porta”.

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Na sexta-feira o Papa Francisco publicou uma mensagem em vídeo a desejar que “Deus conceda a paz e a prosperidade” à Bulgária, considerando o país “uma casa de testemunhas de fé desde a época em que os santos irmãos Cirilo e Metódio semearam o Evangelho”. Nesta viagem apostólica, o Papa terá um encontro com o patriarca da Igreja Ortodoxa da Bulgária.

Segundo o programa divulgado pela sala de imprensa do Vaticano, o Papa fará ainda uma visita ao patriarca e ao Santo Sínodo, à qual seguirá uma oração privada diante do trono dos santos Cirilo e Metódio na Catedral Patriarcal. Na segunda-feira, o Papa Francisco visitará um campo de refugiados em Sófia deslocando-se depois para Rakovsky, principal centro de maioria católica na Bulgária onde celebrará uma missa. Às 17:15 (15:15 em Lisboa), o papa regressa a Sófia para a oração pela paz com os representantes de diversas confissões religiosas búlgaras na Praça Nezavisimost.

Na terça-feira, Francisco desloca-se à capital da Macedónia do Norte, Skopje, onde será acolhido pelas autoridades políticas no palácio presidencial dois dias depois de o país ter realizado a segunda volta das eleições para a Presidência após um empate técnico entre os dois primeiros candidatos no escrutínio de 21 de abril. Em seguida, o Papa visitará o memorial dedicado a santa Teresa de Calcutá, que nasceu em Skopje em 1910, estando também prevista a celebração de uma missa na Praça Macedónia, seguindo-se um encontro ecuménico e inter-religioso com jovens.