A experiência muda para cada visitante, com um computador a alternar entre diferentes rotinas, histórias e poses, mas todos os que entram no Museu de Dalí, no estado da Flórida (EUA) encontram o mesmo Salvador Dalí digital, disponível para falar da vida do pintor surrealista espanhol ou para tirar fotografias.

A exposição interativa é um deepfake, ou seja, um vídeo criado graças a inteligência artificial que cruza mil horas de entrevistas de Dalí com quarenta e cinco minutos de performance de um ator anónimo para dar vida ao pinto morto desde 1989. Os elementos são cruzados através de um programa de computador popularizado pela criação de vídeos pornográficos que substituem as caras dos intervenientes pelas de celebridades (e uma tecnologia que lança muitos receios de fake news).

A partir de um ecrã gigante é possível interagir com Salvador Dalí e até pedir ao deepfake para tirar uma selfie — Dalí pega num smartphone e tira uma fotografia aos visitante, introduzindo-se depois na fotografia. A criação, explica o Museu em comunicado oficial, celebra o 115.º aniversário de Salvador Dalí, que nasceu a 11 de maio de 1904.

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A simulação fala com uma voz sintetizada, baseando-se em textos escritos pelo pintor em vida. Além de usar um telemóvel, também é possível ver Salvador Dalí a ler edições recentes do The New York Times, denunciando a falsificação do vídeo.

“Às vezes controversa, como o próprio Dalí, esta tecnologia está a ser usada pela primeira vez num trabalho artístico inspirador”, sublinha o Museu de Dalí. A deepfake de Salvador Dalí foi criada em colaboração com a Goodby Silverstein & Partners of San Francisco.

O que podem as “mãos erradas” fazer com a Inteligência Artificial?