Vinte e cinco anos depois, os pilotos da Fórmula 1 voltaram a respeitar um minuto de silêncio no Mónaco em memória daquele que foi para muitos uma das grandes referências no arranque da carreira. Em 1994, essa homenagem era a Ayrton Senna (e a Roland Ratzenberger, que também faleceu no fim de semana do Grande Prémio de São Marino); agora, a figura no centro das atenções foi Niki Lauda, antigo tricampeão mundial que morreu na passada segunda-feira com 70 anos. Para Lewis Hamilton, mais até do que para qualquer outro corredor, este era o momento para dedicar ao austríaco mais uma vitória.

Morreu Niki Lauda, tricampeão mundial de Fórmula 1, aos 70 anos

A forma como o britânico celebrou a conquista da pole position com aquela que foi a volta mais rápida de sempre no circuito, subindo a rede onde se concentravam mais adeptos com bandeiras do seu país num movimento que o próprio assumiu que podia ter corrido mal porque sentiu que essa vedação não aguentaria o seu peso, foi apenas mais uma prova do clima emotivo que iria marcar esta prova no Mónaco, algo confirmado pelas palavras de Hamilton que, depois de ter fugido às questões no primeiro dia de treinos livres, falou e explicou a importância que o “amigo e mentor Niki” teve na sua carreira.

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“Foi uma semana difícil e é fantástico chegar aqui e melhorar o nosso desempenho. Niki gostava disso e temos de conseguir agora algo excecional amanhã [na corrida]. Gostava muito dele e nos últimos oito meses enviávamos vídeos. Havia dias em que estava bem, noutros nem por isso. Foi ele que trouxe a equipa até mim e, se não fosse ele, não estaria onde estou hoje. Devo-lhe as minhas vitórias”, salientou o pentacampeão mundial após a conquista da segunda pole position da época, menos uma do que Valtteri Bottas (que partiu do segundo lugar) e mais uma do que Charles Leclerc, o reforço monegasco da Ferrari na presente temporada que, de forma indireta, acabou por marcar e muito o início deste Grande Prémio que, antes da partida, teve o tal minuto de silêncio com todos os pilotos a colocarem na cabeça um chapéu vermelho, imagem de marca de Lauda.

Depois de um erro crasso ainda mais crasso por se tratar de uma equipa como a Ferrari, Leclerc partiu do 15.º lugar da grelha. Na primeira parte da qualificação, perguntou uma primeira vez se o seu tempo era suficiente para passar essa fase e voltou a colocar a hipótese de fazer mais uma volta para ter a garantia de que não existiriam surpresas de última hora. Das boxes, a resposta foi sempre a mesma – não é preciso. E quando se aperceberam que afinal não era bem assim, já não havia remédio.

Logo na segunda volta, depois de já ter ganho lugares, o monegasco foi sancionado por drive through. Depois, voltou a assumir a intenção de escalar posições e chegou à oitava volta no 12.º posto, após uma grande ultrapassagem a Romain Grosjean. Todavia, Leclerc arriscou em demasia e um toque com Nick Hulkenberg acabou por comprometer por completo o resto da sua corrida, ficando com o pneu direito traseiro completamente destruído antes de ser obrigado a deixar passar todos os outros carros na zona do túnel enquanto tentava chegar às boxes. Pouco depois, não havendo alternativa, Leclerc encostou mesmo. E entretanto já estava o safety car em pista, por causa da fibra de carbono e da borracha que ficou nessa zona do traçado.

Esse acabou por ser o momento que mudou um Grande Prémio que parecia destinado a ter mais uma dobradinha da Mercedes: aproveitando essa “paragem” no ritmo da corrida, a Red Bull conseguiu colocar Max Verstappen à frente de Bottas nas boxes e também a Ferrari posicionou Vettel no terceiro lugar, com o finlandês a ficar no quarto lugar em que terminaria uma corrida onde Hamilton, com maior ou menor vantagem sobre o holandês que tentou atacar sobretudo a duas voltas do fim (quando chegou mesmo a haver um toque entre ambos), fez da melhor forma a gestão possível entre problemas nos pneus para o quarto triunfo da temporada que reforçou a liderança no Mundial em relação ao companheiro de equipa que liderava no final do Grande Prémio do Azerbaijão. Em paralelo, este é o melhor início de sempre do britânico, que em 2014 conseguiu também quatro triunfos até ao Mónaco as que tinha começado esse ano com a desistência no Grande Prémio da Austrália.