A campanha de Donald Trump decidiu afastar vários dos analistas responsáveis pelas sondagens negativas para o Presidente em vários estados, que foram divulgadas de forma anónima aos media nas últimas semanas. A notícia, inicialmente avançada pela estação de televisão NBC por uma fonte da campanha e mais tarde confirmada por outros órgãos norte-americanos, surge pouco antes de Trump iniciar a sua campanha para a reeleição, esta terça-feira, com um comício na Florida.

A decisão de afastar três dos cinco analistas responsáveis pelos estudos de opinião surge depois de dias de tensão dentro da Casa Branca. As sondagens iniciais, feitas em março, davam conta de um resultado preocupante para a campanha de Trump em vários estados, perdendo para um dos candidatos mais fortes à presidência dos democratas, o antigo vice-presidente Joe Biden. Era assim na Pensilvânia, no Wisconsin e na Florida, três dos chamados swing states que Trump conquistou aos democratas na eleição de 2016.

As sondagens davam ainda conta de uma vitória para Trump por margem muito curta no Texas, estado onde os republicanos têm vencido as presidenciais nos últimos 40 anos.

Inicialmente, o Presidente reagiu às notícias destes resultados — passados aos media por uma fonte não identificada — negando que fossem verdadeiros, muito embora, como explica o New York Times, fontes da Casa Branca tenham confirmado a veracidade dos estudos. No entanto, Trump terá dado instruções aos seus colaboradores para que desmentissem publicamente as sondagens.

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“Estas sondagens não existem. Tive ainda agora um encontro com um politólogo e eu estou a ganhar em todo o lado, nem sei do que estão falar”, disse Trump à ABC na passada quinta-feira. No dia seguinte, reforçou a ideia numa entrevista à Fox News: “Estamos ótimos na Pensilvânia, estamos ótimos na Carolina do Norte. Na Flórida estou a ganhar com grande margem.”

Trump voltou à carga esta segunda-feira: “Só as sondagens fake é que nos colocam atrás da Motley Crew”, escreveu no Twitter, utilizando a expressão inglesa usada para um grupo cujos membros têm pouco a ver uns com os outros para se referir aos democratas. “Estamos muito bem, mas ainda é cedo para nos focarmos nisso. Há muito trabalho a fazer! TORNAR A AMÉRICA GRANDIOSA DE NOVO!”

A CNN noticiou entretanto que as três pessoas afastadas são Michael Baselice (que está com Trump desde 2016 e que será próximo do diretor de campanha Brad Parscale), Adam Geller e Brett Lloyd, presidente da empresa para onde trabalhava a conselheira Kellyanne Conway antes de entrar na Casa Branca. O New York Times diz que o afastamento de Lloyd está a ser usado para minar Conway dentro da estrutura em torno do Presidente por parte de outros membros da Casa Branca.

Com esta decisão de afastar três dos analistas, a campanha Trump espera assim fazer algum controlo de danos antes do anúncio oficial da candidatura à reeleição — que será anunciada esta terça-feira, num grande comício que contará com a participação da primeira-dama, Melania Trump, e do vice-presidente, Mike Pence. O objetivo, explicou um dos conselheiros da equipa presidencial ao New York Times, é reduzir o círculo de pessoas com acesso a informação sensível, para que esta não acabe nas primeiras páginas dos jornais.