O Facebook vai lançar a Libra, a criptomoeda da empresa que vai poder ser utilizada no WhatsApp, Messenger, e numa aplicação de carteira virtual própria, anunciou a empresa em comunicado. A rede social vai utilizar a tecnologia de blockchain, comum a estas tecnologias e criou uma subsidiária chamada “Calibra” para o investimento nesta moeda digital. Além disso, a Calibra vai fazer parte da “Rede Libra”, a associação da criptomoeda que conta com a participação de empresas como a Visa, a Vodafone, a Uber, o Ebay, o Spotify e o unicórnio português sediado em Londres — startup avaliada em mais de mil milhões de dólares — Farfetch. A Libra deve ser lançada em 2020.
Prejuízos na Farfetch? “Seremos lucrativos quando quisermos. Não estou nada preocupado”
A moeda digital do Facebook tem como objetivo facilitar a transação de dinheiro globalmente. “Mais de metade dos adultos em todo o mundo não têm uma conta bancária ativa”, diz a empresa. Ao criar a carteira de moeda digitais com o nome “Calibra”, na qual os utilizadores vão poder guardar e transferir dinheiro, à semelhança de outras carteiras de digitais, o Facebook quer que quem adira possa “guardar, transferir e gastar Libra”.
No início, quando for lançada, as transferências com a libra vão ter “um custo zero ou muito reduzido” para quem tenha um smartphone. Com o tempo, o Facebook espera que os utilizadores possam passar a “pagar contas carregando num botão, comprem um café mostrando um código, ou andem de transportes públicos sem precisar de andarem com dinheiro vivo no bolso ou o passe”.
Num post esta terça-feira no Facebook, Mark Zuckerberg, presidente executivo e fundador da rede social, mostrou todas as empresas que vão fazer parte da organização sem fins lucrativos “Libra Association”. Além disso, deixou uma promessa: “Toda a informação que partilha com a Calibra vai ser guardada de forma separada da informação que partilha no Facebook”. Com polémicas na história do Facebook como o caso Cambridge Analytica, em que a rede social permitiu que empresa de análise de dados utilizasse indevidamente os dados de 87 milhões de utilizadores para influenciar eleições, esta promessa ganha bastante importância.
Zuckerberg diz também que a visão para a Libra é criar a mesma “visão de uma plataforma social focada na privacidade”. Para isso, a tecnologia de blockchain vai ser crucial.
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Para já, “ainda há muito mais para aprender antes que a Libra esteja pronta para ser lançada oficialmente”, diz Zuckerberg. Algumas questões, como se vai ser necessário ter conta no Facebook para utilizar a carteira digital da Libra, ainda não têm resposta. Ao mesmo tempo, apesar de poder estar próximo um futuro que é possível pagar um café com a moeda digital do Facebook mostrando o telemóvel, ainda faltam passos importantes. O responsável do Facebook diz que têm trabalhado com legisladores e especialistas na área das Finanças para continuar a melhorar esta aposta na Libra. “Queremos fazer isto da maneira correta”, diz.
Quanto aos usos e tecnologia da Libra, José Neves, fundador e presidente executivo da Farfetch, uma das empresas da associação da criptomoeda, afirma em comunicado: “Acreditamos que o blockchain vai beneficiar a indústria do luxo ao melhorar a proteção de IP, transparência no ciclo de vida do produto e — no caso da Libra — permitir que um comércio eletrónico global fluido”, O responsável da empresa de comércio online de luxo diz ainda que a Farfetch “vai participar ativamente como membro fundador da Libra Association no desenvolvimento técnico do blockchain (…) e acelerar outros projetos” que utilizem a mesma tecnologia.
O que são bitcoins?
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São moedas virtuais, que não se veem, não se tocam, não se sentem. São códigos encriptados, para os quais existem carteiras próprias na web ou no computador, e cuja emissão e transmissão não é controlada por nenhum banco central ou Governo. Estas operações são feitas por uma rede de computadores distribuída pelo mundo inteiro, cujo histórico é aberto e transparente, sendo guardado numa base de dados a que se chama blockchain. Os donos dos computadores que participam na produção de bitcoins são uma espécie de “mineiros”.
As criptomoedas são unidades de dinheiro digital que utilizam como base a tecnologia blockchain (que permite efetuar transações virtuais entre pessoas e organizações sem intermediários). Esta inovação tem gerado bastante interesse entre os investidores — e até assustado a banca. Em 2018, a Bitcoin, a criptomoeda mais conhecida, bateu recordes, com os primeiros investidores a tornarem-se multimilionários. Depois, desceu a pique — mantendo, mesmo assim, uma valorização de cerca de dois mil euros — para, agora, estar de novo a subir (atualmente, uma bitcoin vale cerca de 8250 euros).
A informação de que o Facebook estava a investir numa criptomoeda própria tinha sido avançada pela BBC em maio, com a confirmação de que Mark Zuckerberg tinha falado o governador do Banco de Inglaterra e com responsáveis do Tesouro dos Estados Unidos da América sobre os riscos e oportunidades de lançar uma moeda digital.
Os membros fundadores da Libra Association são, segundo comunicado da Farfetch: as empresas de pagamentos – Mastercard, PayPal, PayU (Naspers’ fintech), Stripe, Visa; as empresas de tecnologia e marketplaces – Booking Holdings, eBay, Facebook/Calibra, Farfetch, Lyft, Mercado Pago, Spotify Technology S.A., Uber Technologies, Inc.; de telecomunicações – Iliad, Vodafone Group; blockchain – Anchorage, Bison Trails, Coinbase, Inc., Xapo Holdings Limited; venture capital – Andreessen Horowitz, Breakthrough Initiatives, Ribbit Capital, Thrive Capital, Union Square Ventures; e as organizações sem fins lucrativos e multilaterais, e instituições académicas – Creative Destruction Lab, Kiva, Mercy Corps, Women’s World Banking.