A celebração dos 70 anos da primeira exposição do grupo “Os Surrealistas” vai apresentar, em Lisboa, a partir de quarta-feira, quatro exposições e um tributo a Cruzeiro Seixas, um dos fundadores, como Mário Cesariny.

De acordo com a organização, a celebração toma a forma de um ciclo intitulado “Reviver “Os Surrealistas” em Lisboa, 70 anos depois!”, e pretende evocar a exposição que lançou, em 1949, na capital portuguesa, um grupo que se opôs ao Grupo Surrealista de Lisboa, que também expôs no mesmo ano.

Mário Cesariny, que começou por fazer parte do Grupo Surrealista de Lisboa acabaria por sair e fundar um novo grupo ao qual pertenceram Cruzeiro Seixas, Mário-Henrique Leiria, António Maria Lisboa, H. Risques Pereira, Fernando José Francisco e Pedro Oom, entre outros.

As exposições dos dois grupos, nesse ano, que provocaram escândalo na época, constituiriam um marco na modernidade em Portugal, influenciando sucessivas gerações de autores.

Cruzeiro Seixas, último dos fundadores do ‘anti grupo’ que permanece ainda ativo, com quase 99 anos de idade, irá ser alvo de um tributo na mostra antológica, por ele intitulada “Construir o nada perfeito”, que abrirá o ciclo na quarta-feira, no espaço Atmosfera M, da Associação Mutualista Montepio, na Rua Castilho, em Lisboa. A exposição será evocada também a partir de sábado no núcleo “Surrealismo em 1949”, na Perve Galeria, em Alfama.

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No mesmo dia, na Casa da Liberdade – Mário Cesariny, apresentam-se na exposição “Conexões e Miscigenação até 1975”, obras realizadas até 1975, que revelam a influência de “Os Surrealistas” num conjunto alargado de autores dos países de língua portuguesa. Essa influência teve um protagonista maior: Artur do Cruzeiro Seixas, que rumou a África em 1952, acabando por se fixar em Angola até 1964, aí realizando várias exposições marcantes.

No dia 02 de julho, irá inaugurar, na Galeria aPGn2 (A PiGeon too), em Alcântara, a mostra “Global(ismo)”, que reúne obras realizadas desde o ano 2000, por artistas internacionais e dos Países de Língua Oficial Portuguesa (PALOP), “numa perspetiva de homenagear Os Surrealistas e de colocar em evidência os múltiplos caminhos que este movimento abriu e onde se mantém atual”, segundo a organização. Serão apresentados filmes sobre Os Surrealistas e o seu percurso, entre os quais os realizados, nos anos 1950 do século XX, por Carlos Calvet.

Sob a curadoria de Carlos Cabral Nunes, este ciclo de celebração irá contemplar também diversos atos performativos e outras exposições, a realizar em vários pontos do país.