A 17.ª Festa Literária Internacional de Paraty (Flip), no Brasil, começa nesta quarta-feira com a mesa de abertura “Canudos”, dedicada à obra do autor homenageado pela edição deste ano, Euclides da Cunha, que escreveu o romance “Os Sertões” (1902).

Até ao encerramento, no domingo, vão acontecer 21 mesas de debate na Flip cujos nomes foram inspirados na topografia da Bahia, estado em que ocorreu um dos mais controversos conflitos armados do Brasil, a chamada Guerra de Canudos (1896-1897), tema central do romance “Os Sertões”.

“Dessa forma, toda a programação da Flip 2019 foi desenhada em função da relação entre Euclides da Cunha, outras linguagens e o território brasileiro”, explicou a curadora do festival, Fernanda Diamant.

O portuguese Miguel Gomes, realizador que prepara a adaptação de “Os Sertões”, a autora multidisciplinar de origem são-tomense e angolana Grada Kilomba e a poeta e ‘performer’ Raquel Lima, investigadora do Programa de Pós-Colonialismos e Cidadania Global do Centro de Estudos Sociais da Universidade de Coimbra, estão entre os 32 autores, investigadores, cineastas e artistas que participam nesta edição da Flip.

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Entre eles estão também o angolano Kalaf Epalanga, a venezuelana Karina Sainz Borgo e os brasileiros Jarid Arraes, escritora, ‘cordelista’ e poeta cearense, e Guilherme Wisnik, ensaísta, crítico, compositor e curador, que participam na programação principal do evento.

Além de literatura e artes, a Flip também promoverá debates sobre ciência, género, raça, questões indígenas e meio ambiente.

O evento organizou ainda uma homenagem aos 80 anos do cineasta brasileiro Glauber Rocha, com a exibição do filme “Deus e o Diabo na Terra do Sol”.

Haverá uma batalha de poesia falada, chamada “Flip Slam”, que reunirá poetas de seis países e os ‘performers’ Pieta Poeta (Brasil), Edyoung Lennon (Cabo Verde), Raquel Lima (Portugal), Porsha Olayiwola (EUA), Joelle Taylor (Inglaterra) e Salva Soler (Espanha).

A cantora brasileira Adriana Calcanhoto, o músico português com ascendência cabo-verdiana Dino d’Santiago, assim como o ‘rapper’ brasileiro Vinicius Terra, farão espetáculos na programação da Flip.

As atividades também contam com outros destaques como uma exposição com imagens históricas sobre o início da construção do Museu do Ipiranga, que está no local em que terá sido decretada a Independência do Brasil por Pedro I (Pedro IV, de Portugal), e uma mostra interativa no centro de Paraty, sobre a origem de ditados populares típicos das diferentes regiões do Brasil e de Portugal.

A edição deste ano da Festa Literária Internacional de Paraty decorre a partir desta quarta-feira, até domingo, 14 de julho, naquela cidade brasileira de Paraty, no estado do Rio de Janeiro, no centro de uma região declarada há uma semana Património Cultural e Natural da Humanidade, pela Organização das Nações Unidas, para a Educação, Ciência e Cultura (UNESCO).