O secretário de Estado do emprego norte-americano, Alex Acosta, anunciou esta sexta-feira a sua demissão na sequência do polémico caso em que Jeffrey Epstein é acusado de tráfico sexual de menores. Em causa está um acordo feito em 2008. Na altura, Acosta era procurador federal e livrou Epstein — que estava acusado de abuso sexual de raparigas menores — da pena de prisão perpétua. Mas o milionário foi acusado novamente, tendo mesmo sido detido no último fim de semana. E o polémico acordo voltou a estar nas bocas do mundo.
Acosta comunicou a sua decisão aos jornalistas esta sexta-feira na Casa Branca, ao lado do presidente dos Estados Unidos. Disse que não queria ver o seu nome envolvido no escândalo de Epstein nem causar problemas à administração de Trump. O político divulgou também a carta de demissão que enviou ao presidente na sua conta de Twitter.
Significa muito para mim que me tenha oferecido apoio incondicional nas nossas discussões privadas e nas conferências públicas. (Mas) os seus objetivos, de colocar o povo americano à frente de tudo, devem evitar distrações”, escreveu Acosta ao líder norte-americano.
Thank you, @POTUS. pic.twitter.com/Q9bxwmzKQM
— Secretary Acosta (@SecretaryAcosta) July 12, 2019
O presidente norte-americano esteve sempre ao lado do agora ex-secretário de Estado e afirmou que a demissão foi uma decisão de Acosta. “Eu disse-lhe: ‘não tens de fazer isto'”, revelou aos jornalistas.
“Alex era um bom secretário de Estado do Emprego e o seu serviço foi muito apreciado”, escreveu entretanto o chefe da Casa Branca no Twitter. Trump anunciou também que Pat Pizzella será o substituto de Acosta.
….Alex was a great Secretary of Labor and his service is truly appreciated. He will be replaced on an acting basis by Pat Pizzella, the current Deputy Secretary.
— Donald J. Trump (@realDonaldTrump) July 12, 2019
Apenas há apenas dois dias, Acosta tinha defendido numa conferência de imprensa o acordo que fez com o advogado de Jeffrey Epstein. O milionário estava acusado de abusar de dezenas de raparigas menores e, com a intervenção de Acosta (na altura procurador federal do Estado da Florida), apenas teve de cumprir 13 meses de prisão e registar-se como agressor sexual.
Em fevereiro deste ano, no entanto, o caso voltou a lume com um juiz da Florida a dizer que a Procuradoria tinha violado a lei porque não tinha notificado as cerca de 30 vítimas do acordo que tinha sido feito com o agressor.
Jeffrey Epstein, o milionário amigo de Trump, foi detido por acusações de tráfico sexual de menores
Epstein enfrenta uma pena de mais de dez anos de cadeia. Neste momento, está preso à espera de uma sessão a 15 de julho.
Os crimes terão ocorrido entre 2002 e 2005. O milionário de 66 anos é acusado de praticar crimes sexuais com menores nas suas mansões em Nova Iorque, Novo México e na ilha privada que tem nas Caraíbas. O homem pagava centenas de dólares às suas vítimas, que teriam menos de 14 anos. Convidava-as para uma massagem e depois eram abusadas. Nalguns casos pagava-lhes para elas trazerem outras raparigas, daí o crime de conspiração para tráfico. Epstein já se declarou como inocente em tribunal.
Em buscas à sua casa de Nova Iorque, a polícia encontrou fotografias de jovens nuas e uma “parafernália” de objetos relacionados com sexo.
Artigo atualizado às 17h30