António Guterres, Secretário-Geral das Nações Unidas, é perentório: se as metas definidas pelo Acordo de Paris, assinado há quatro anos por 195 países, não forem cumpridas chegaremos ao fim deste século com mais “três graus”, o que constitui uma “catástrofe absoluta”. Em declarações à RTP, numa reportagem que será emitida na íntegra esta noite no programa “Linha da Frente”, o português assinala que é “preciso acabar com subsídios aos combustíveis fósseis”, “reduzir os impostos às pessoas, nomeadamente aos salários, e taxar o carbono”. 

As coisas estão pior do que se pensava, todas as realidades a que assistimos no mundo são piores do que as piores previsões que existiam, mas a vontade política esmoreceu depois de Paris. (….) “, diz em entrevista exclusiva à RTP.

O Secretário-Geral da ONU garante ainda que é preciso “acabar com a construção de centrais a carvão”, uma de várias medidas que “exigem vontade política” numa altura em que as mudanças do clima acontecem mais depressa do que o inicialmente previsto.

Sobre uma eventual reforma política nas Nações Unidas, o antigo primeiro-ministro comentou ainda que “não é fácil é convencer os Estados membros e sobretudo aqueles que têm hoje uma posição mais privilegiada”. “O que não é fácil é convencê-los a aceitar essas transformações.”

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Acordo de Paris sobre alterações climáticas em risco por falta de verbas

À RTP António Guterres recusou ainda todas as acusações sobre manter silêncio perante a violação de direitos humanos: “A situação política hoje é uma situação política extremamente complexa e procurar um protagonismo que limite a minha capacidade de conseguir exercer o meu mandato por razões de vaidade pessoal seria um ato de profunda estupidez“.