A Fertagus considera que os novos passes da Área Metropolitana de Lisboa (AML) foram “um mau negócio” para a empresa, disse Cristina Dourado, administradora-delegada da Fertagus, ao Público. A razão é que aumentou a procura, mas não aumentou a receita, tal como tinha explicado no Direto ao Assunto na rádio Observador.

“Do ponto de vista financeiro foi um mau negócio porque nós estávamos em março a crescer 9% da procura e 9% nos proveitos e agora estamos com os proveitos de 2018 (que eram inferiores) e a ter de responder a um aumento da procura”, explica Cristina Dourado ao diário. A administradora-delegada esclarece que, tirando os bilhetes simples, todos os títulos de transportes da Fertagus, passes e assinaturas, acabaram.

Cristina Dourado fala sobre os 20 anos da Fertagus

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Se as receitas, antes, eram avaliadas pelo número de passes vendidos e a Fertagus não insistia muito com os clientes na validação dos bilhetes. Agora, a empresa tem de assegurar que todos os viajantes validam os títulos de transporte porque é isso que vai determinar se a empresa recebe mais dinheiro ou não.

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“A taxa de realização dos serviços programados 99,98%”, diz Cristina Dourado, rejeitando a existência de comboio suprimidos.

Com os novos passes, o que a Fertagus e os restantes operadores “recebem desses títulos de transporte é a receita de 2018 acrescentada do aumento de tarifário [mais 2%, em 2019, para a Fertagus]”, disse Cristina Dourado à rádio Observador. “Quer se transporte muito, quer se transporte pouco, será em primeiro lugar essa a receita que recebemos.” Por isso, a administradora-delegada respondeu que a Fertagus não tinha lucrado nada com a greve da Transtejo — tiveram mais clientes, mas não venderam mais títulos de transporte.

Se houver um acréscimo de proveitos, esses proveitos são repartidos pela AML (que é quem está financiar este programa) e os operadores que tiveram crescimento — 35 e 65%, respetivamente.

A Fertagus existe há 20 anos. Na altura transportavam 27 mil pessoas por dia, hoje transportam 83 mil. A partir de outubro, a empresa espera ter mais 10% de oferta, sem alterar o número de comboios: vão trocar comboios simples por comboios duplos em alguns horários, reformular horários e aumentar o número de ligações a Setúbal.