“Venho por este meio comunicar que aceitei o convite para integrar a lista do PDR como cabeça de lista pelo círculo de Lisboa“, disse Pedro Pardal Henriques em comunicado enviado às redações. “Continuarei a representar juridicamente este Sindicato, assim como o Sindicato dos Seguranças e Vigilantes de Portugal, o Sindicato Independente dos Trabalhadores da Rodoviária de Lisboa, assim como outros Sindicatos e causas que aceitei defender”, escreve ainda Pardal Henriques. Contudo, vai deixar de ser o porta-voz do Sindicato Nacional dos Motoristas de Matérias Perigosas.

Tomei esta decisão depois de ponderar bastante e de conferenciar com a minha família, e fi-lo consciente de que pretendo ser uma voz ativa por todas as causas que tenho vindo a defender, e que considero que hoje não estão representadas no Parlamento Português”, escreve o candidato do PDR.

António Marinho e Pinto já tinha dito ao início desta tarde ao Observador que Pedro Pardal Henriques, o porta-voz do sindicato dos motoristas de matérias perigosas, vai integrar as listas do Partido Democrático Republicano (PDR), para as próximas eleições legislativas. Ao Correio da Manhã, o sindicalista recusava que tinha tomado, para já, uma decisão sobre essa matéria.

Veja-se, por exemplo, a reação dos Partidos Políticos, e em especial dos partidos com assento parlamentar relativamente à utilização de todos os meios possíveis para através da força e da aliança com as empresas, dizimar os direitos constitucionais dos trabalhadores, que reclamam unicamente o pagamento do trabalho que fazem, sem esquemas fraudulentos”, diz o jurista.

À Rádio Observador, Marinho e Pinto indicou que “ainda não foi divulgada a composição das listas nem o cabeça-de-lista por Lisboa, mas Pedro Pardal Henriques será um dos 22 cabeças-de-lista”, sem revelar por qual círculo eleitoral Pardal Henriques irá concorrer. Agora, o próprio confirma que vai ser cabeça de lista por Lisboa.

PUB • CONTINUE A LER A SEGUIR

O dr. Pedro Pardal Henriques tem um trajeto de vida exemplar que o enobrece como cidadão, que é um exemplo para muita gente e foi o símbolo de uma das lutas sindicais mais importantes que houve neste país após o 25 de abril, uma luta que se fez contra a corrupção e a fraude nas remunerações laborais e uma luta fora do aparelho partidário que controla o sindicalismo português”, disse Marinho e Pinto.

Pardal Henriques diz que falta “esclarecer a agenda do porta-voz da ANTRAM e das suas nomeações pelo PS” e quer “recuperar os valores de Abril”

“Face ao exposto, e para que pelo menos a minha agenda fique esclarecida, (faltando esclarecer a do porta-voz da ANTRAM e das suas nomeações pelo PS), venho por este comunicar que a partir deste momento não serei mais o Porta-Voz do Sindicato Nacional dos Motoristas de Matérias Perigosas, por forma a não misturar o que poderia ser interpretado como campanha eleitoral”, diz o político do PDR.

Aqueles que não sabem como me atacar mais, dirão (como já disseram) que me quis aproveitar da causa dos motoristas para me autopromover. No entanto, quem me conhece sabe perfeitamente que defendo esta causa desde 2017, e nunca foi a minha intenção iniciar uma carreira política.

“É mais fácil criticar ou manter-se conivente com os esquemas instalados no nosso Estado”, refere ainda o representante sindical criticando quem não “assume causas”. O jurista promete que vai defender “o novo Sindicalismo Independente” como “uma voz ativa contra a hipocrisia e a corrupção [dois termos que escreveu com todas as letras maiúsculas] no Parlamento Português”. O representante dos sindicalistas afirma que não se conforma “com a agressão aos Direitos Fundamentais dos trabalhadores, dos pensionistas, e daqueles que sofrem diariamente pelos ataques disferidos pelos poderes coligados no nosso Estado de Direito”.

“Candidato-me para defender e representar estas causas, contra a corrupção. Candidato-me mas não abandonarei as causas que represento. Candidato-me porque acredito que podemos voltar a recuperar os valores de Abril”, termina por escreve o político.

A confusão que quase parece outra telenovela. É, ou não é, Pardal Henriques candidato pelo PDR às legislativas? Agora, é.

Esta terça-feira, em entrevista à Rádio Observador, António Marinho e Pinto não tinha poupado elogios à postura do advogado do Sindicato de Motoristas de Matérias Perigosas (SNMMP) que, defendeu, “seria um excelente candidato à Assembleia da República”.

Marinho e Pinto quer Pardal Henriques como deputado do Partido Democrático Republicano

Francisco São Bento, presidente do sindicato dos motoristas de matérias perigosas, tinha dito na semana passada que o porta-voz tinha recusado o convite. Num momento de tensão que ainda é vivida entre motoristas, a ANTRAM e o governo, foi Pardal Henriques quem, também na última semana — ainda em plena greve — que disse que “não era tempo para uma notícia sobre esse assunto”.

Esta quarta-feira, a confirmação do convite existia de todas as partes, mas apesar de Marinho e Pinto afirmar que o sindicalista consta nas listas, Pardal Henriques continuava a dizer que não tinha uma decisão tomada. Agora, Francisco São Bento diz que “não quer comentar este assunto”, querendo concentrar-se na luta dos trabalhadores. Contudo, diz que “será uma escolha pessoal” do advogado.

O Observador tentou contactar, sem sucesso, Pedro Pardal Henriques.