A construção da nova Ala Pediátrica do Hospital de São João terá um custo previsto de 25 milhões de euros, mais três milhões do que o anteriormente calculado, confirmou esta manhã a ministra Marta Temido na cerimónia de assinatura do contrato para a construção da obra.
“Há cerca de 5 meses conseguimos tirar a maioria das crianças dos contentores e realojá-las dentro do edifício central do Hospital de São João e agora estamos aqui para dar mais um passo”, disse a titular da pasta da Saúde.
Com o investimento garantido desde 2018, a nova ala da pediatria terá um custo da 25 milhões de euros (valor ao qual acresce o IVA), que deverá ser concluído num período máximo de dois anos. Embora não tenha sido divulgada uma data concreta para o início da construção e apenas tenha sido garantido que se iniciava ainda este ano, fonte ligada ao processo adiantou ao Observador que a obra deverá ter início já no mês de outubro.
“A primeira dificuldade é sempre conseguir cumprir os prazos à risca”, alertou Marta Temido, assegurando a importância de “ir mantendo esta lógica de honestidade e ir dando conta de como estão a evoluir os investimentos”.
A obra permitirá construir a primeira Unidade de Queimados Pediátrica da Região Norte, felicitou o diretor do Hospital de São João, Fernando Araújo. “Hoje é um dia extremamente feliz porque temos a noção de que daqui a dois anos teremos uma Ala Pediátrica nova, com imensa qualidade e adequada às necessidades”. Até lá o também ex-secretário de Estado garantiu que a solução encontrada de “encaixe” das crianças no edifício central do hospital “é suficiente e vai-se manter” até ao final da obra.
Ala terá cinco pisos e quartos apenas com uma ou duas camas
Serão construídos cinco pisos “localizados na ala poente” do Hospital de São João, no bloco localizado à direita da urgência pediátrica e com entrada também pela direita — olhando o hospital de frente — a mesma que é utilizada hoje para a urgência de obstetrícia.
Idílio Pelicano, coordenador do projecto por parte da empresa ARIPA – Idílio Pelicano Arquitetos Lda -, explicou que a Unidade de Queimados Pediátrica vai localizar-se no terceiro de cinco pisos dedicados à nova ala. Também no piso 3 haverá uma “suite operatória”, enquanto que o Serviço de Neonatologia ficará localizado no piso 4, próximo simultaneamente das áreas de Obstetrícia e de Pediatria. Maria João Batista, diretora clínica do hospital, acrescentou ainda que os quartos serão apenas de uma ou duas cama “para garantir mais conforto”.
Toda a Ala Pediátrica “se conecta ao nível de todos os pisos”, garante o arquiteto Idílio Pelicano, que lançou um apelo a todos os sponsors para oferecerem decoração e brinquedos para a área da Ludoteca.
Antes da assinatura do contrato para a construção da Ala Pediátrica, entrou no auditório um grupo de crianças internadas na Pediatria do hospital. Calmas, assistiram às assinaturas do que significará, talvez não para si mas para outras crianças, a construção de um serviço há anos reivindicado. Entre elas estava Madalena, com um vestido branco e castanho e uma máscara de proteção a tapar-lhe a boca, que ofereceu um presente à ministra.
Porque é que o Estado está a falhar na ala pediátrica do Hospital de São João?
A ministra Marta Temido elogiou o bom comportamento das crianças presentes na cerimónia e considerou “uma lição importante” o trabalho desenvolvido em equipa para chegar à assinatura de hoje. Temido agradeceu rosto a rosto a todos os envolvidos no processo, começando pelos pais das crianças internadas e pelos funcionários do hospital, que “mantiveram o trabalho mesmo em condições físicas diferentes das que gostaríamos de lhes proporcionar”.
Numa última palavra, “porque as crianças presentes começam a ficar inquietas”, reparou a Ministra, realçou “a personalidade e o caráter” de Fernando Araújo, diretor do Hospital de São João, assim como “a forma obstinada e determinada com que encara aquilo que há para fazer.”
Dirigindo-se ao diretor do hospital, Marta Temido terminou o discurso. “Conto consigo e com a empresa Casais [empresa responsável pela execusão da obra] para poder ter esta obra concretizada em 2021”. Enquanto a ministra da Saúde deixava esse objetivo claro, a Madalena brincava com a câmara fotográfica de uma fotojornalista na primeira fila do auditório.