Uma jovem norte-americana esteve em coma depois de ter fumado cigarros eletrónicos durante três anos, o que lhe provocou danos pulmonares graves. Maddie Nelson, natural do estado do Utah, falou sobre a experiência numa publicação no Facebook que se tornou viral em que a jovem de 18 anos pede ajuda para pagar os custos hospitalares. Na página Go Fund Me, a família descreve Maddie como “forte” e “dura”. E pede 20 mil dólares (o equivalente a mais de 18 mil euros) para os tratamentos da rapariga.

Please share as much as possible and to who any you can, I am spreading awareness #stopthevape #truthorange…

Posted by Maddie Nelson on Sunday, August 4, 2019

Maddie Nelson fumava cigarros eletrónicos todos os dias desde 2016. No início deste ano começou a sentir náuseas e uma dor muito forte nas costas, não tinha apetite e vomitava constantemente. A jovem acabou internada de urgência, mas rapidamente piorou, levando os médicos a colocá-la em coma induzido durante quatro dias. “A minha temperatura era tão alta que o meu cérebro apagou-se completamente. Pensava que estava no hospital por uma noite quando na realidade estive ali durante quatro dias”, contou nas redes sociais.

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Maddie tinha desenvolvido uma pneumonia eosinofílica aguda, um problema de saúde grave que provoca a acumulação de glóbulos brancos nos pulmões. Para os médicos que acompanharam a jovem, a culpa é dos cigarros eletrónicos que a acompanhavam todos os dias desde há três anos, embora não saibam que produto em particular causou a doença: “O que fez os meus pulmões se encherem de líquido e os meus rins terem uma infeção foram os cigarros e, infelizmente, como somos a primeira geração a usá-los, ainda não há pesquisas suficientes para saber exatamente o que era”.

Enquanto esteve em coma induzido, Maddie Nelson respirava através de um tubo instalado na garganta. E, quando despertou, teve de aprender a andar outra vez durante uma semana, conta ela no Facebook: “Estou exausta de lutar tanto e não posso nem sequer ir à casa de banho sozinha. Ainda hoje estou nos cuidados intensivos e espero ser transferida para o hospital”, desabafa.

Na publicação, Maddie deixou um conselho aos utilizadores de cigarros eletrónicos: “Posso realmente dizer que essa foi uma das coisas mais difíceis pelas quais já passei e que não desejaria isto a ninguém. Costumava dizer a mim mesma que isto não iria acontecer comigo, mas pode e vai acontecer convosco também”, descreveu Maddie. E terminou: “Estou a partilhar a minha história para que todos saibam que há algo estranho nestes cigarros, que não é seguro e quase me custou a vida”.

O caso surge na mesma altura em que as autoridades norte-americanas anunciaram que estão a investigar a possível morte de uma pessoa que pode ter contraído uma doença pulmonar à conta do hábito de fumar cigarros eletrónicos. O Centro de Controlo de Doenças (CDC) dos Estados Unidos confirmou em conferência de imprensa que está a investigar o surgimento de “um conjunto de doenças pulmonares possivelmente relacionadas com o uso de cigarros eletrónicos”. Há 193 casos reportados de pacientes que ficaram doentes após terem usado estes produtos em 22 estados norte-americanos.

EUA investigam possível morte por causa do cigarro eletrónico. É o primeiro caso

Já se sabia que os cigarros eletrónicos contêm substâncias perigosas para a saúde, como partículas ultra-finas e metais pesados, mas esta é a primeira vez que as autoridades se estão a aperceber de consequências possivelmente flagrantes relacionadas com estes produtos. “Nós não ligamos nenhum desses ingredientes específicos aos casos atuais, mas sabemos que o aerossol emitido por estes cigarros não é inofensivo. Em alguns casos, isso pode ter ocorrido, mas agora estamos a monitorizar. Temos que continuar com a investigação”, explicou o CDC.

No entanto, em conferência de imprensa, Jennifer Layden, médica do departamento de saúde do estado de Illinois, confirmou que esse estado norte-americano “recebeu casos que relataram o uso de óleos de produtos com THC” e que está a investigar “onde é que esses produtos foram comprados”. “Mas reiteramos a mensagem da FDA de que essas investigações são muito intensivas em termos de tempo e confiamos nas informações que recolhemos dos indivíduos afetados”, alertou.