O Metro de Lisboa está ter um aumento de 8% na procura pelos serviços, o que o presidente do Metro de Lisboa, Vítor Domingues dos Santos, justifica com os novos passes únicos para a circulação na Área Metropolitana de Lisboa. Com os preços mais baixos, a receita está a subir 2%, ou seja, “não está a acompanhar, mas está mais ou menos dentro daquilo que esperávamos”, embora exista um desfasamento com o orçamento anual (que não previa esta medida). Em entrevista à Rádio Observador, o gestor adiantou, também, que as novas estações de metro do alargamento só estarão disponíveis pelo menos em “meados de 2024”.

Considerando a medida dos passes únicos “um sucesso”, Vítor Domingues dos Santos diz que a empresa está a tomar medidas para melhorar a capacidade de resposta.”Mesmo no horário de verão, sem aulas, já conseguimos responder aumentando a velocidade dos comboios e o número de comboios, em algumas linhas, para dar uma resposta mais ou menos boa — agora, no início do horário de inverno, vamos aumentar o número de comboios e esperamos, com isso, responder à procura, que será aquela que for”.

Metro de Lisboa. Abertura de novas estações só a partir 2024

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Mas “ainda estamos muito longe de prestar o serviço que queremos prestar aos nossos clientes“, reconhece o gestor. Um exemplo é a estação de Arroios, que está inativa num processo que está com um “atraso tremendo” por causa das dificuldades financeiras da empresa que ganhou o concurso original lançado em 2017 (e que foi anulado).

[A entrevista completa do presidente do Metro de Lisboa]

O problema do Metro é um problema de investimentos adiados“, diz Vítor Domingues dos Santos. “Uma infraestrutura como o Metro necessita de manter, continuamente, todos os anos, um volume de investimentos significativos — e no período até 2015 os investimentos foram sendo adiados portanto as coisas foram-se acumulando”, afirma o gestor, assinalando que se passou os anos de 2017 e 2018 a “recuperar” e neste final de 2018 já foi possível voltar a ter todas as 111 unidades de material circulante prontas para a circulação.

O gestor considera que, em média, uma empresa como o Metro de Lisboa tem de investir anualmente 100 milhões de euros — entre garantir a expansão e investimento corrente. “Com estes atrasos todos que temos tido, no ano passado fizemos 40 milhões de investimento, este ano a ver se conseguimos fazer 50 ou 60 milhões”, indica. “Estamos a ter muitas dificuldades nos concursos nas obras públicas, muitos concursos que abrimos e não aparecem concorrentes, muitos que lançamos e aparecem 10 concorrentes a levantar os documentos e, depois, só aparece um a concorrer”, diz Domingues dos Santos, referindo que o aumento dos custos da construção — relacionado com o momento do mercado imobiliário — cria um desafio de falta de mão de obra e custos mais elevados.

Nas obras de alargamento do Metro de Lisboa, a empresa está “ainda na fase de concurso”, diz o gestor. As propostas irão chegar até ao fim de novembro, pelo que a expectativa é que a obra seja “consignada nos primeiros meses de 2020”. Começando aí a obra, ela deverá estar concluída até 2023 mas disponível para o público só em “meados, terceiro trimestre de 2024“.

O Metro tem este anátema, as obras demoram sempre muito, anda-se lá por baixo, são obras complexas, portanto é impossível fazer mais rápido”, diz Vítor Domingues dos Santos.

Mas o gestor considera que o desenho da linha circular em Lisboa foi a melhor decisão tendo em conta os estudos que foram feitos — incluindo quando se pensa no objetivo de retirar carros da cidade. “Entre os estudos economico-financeiros que fizemos, aquele que tinha mais procura era claramente a linha circular”, não por causa da procura turística mas, sobretudo, para dar resposta às pessoas que vivem na margem sul do Tejo.

“O grande centro que vai justificar a linha circular é o Cais do Sodré, e com esta linha, segundo os estudos, vamos tirar cerca de 15 mil a 20 mil carros da ponte com esta solução“, diz Vítor Domingues dos Santos, garantindo que os grandes beneficiários deste plano de expansão são “as pessoas que vivem na outra margem”.