Deulofeu deu o pontapé inicial, a bola chegou aos centrais, o lateral arriscou o passe longo, lançamento de linha lateral para o Manchester City aos 15 segundos. Mendy não demorou e atirou logo ali ao lado para Fernandinho, hoje central perante as baixas por lesão na equipa de Pep Guardiola, que trocou com o companheiro no eixo recuado. Estava ali a começar o habitual jogo de triângulos, com Rodri-David Silva-Fernandinho e depois De Bruyne-Kyle Walker-Mahrez. Sempre em posse, sempre a subir no terreno, até o belga ganhar espaço para cruzar na direita e David Silva desviar na pequena área para o 1-0 aos 52 segundos.

Após uma longa troca de passes de cerca de 40 segundos a passar por quase todos os jogadores, os campeões ingleses já estavam em vantagem frente ao Watford sem que Bernardo Silva, por exemplo, tivesse sequer tocado na bola na esquerda do ataque. E o 2-0 não demorou muito, com Mahrez a ser carregado na área pelo guarda-redes Ben Foster e Kun Agüero a marcar de penálti (7′). Fim de correria? Nem por isso: após sofrer falta em cima da linha, o argelino assumiu a cobrança de um livre direto e, com um desvio na barreira à mistura, aumentou para 3-0 com apenas 12 minutos. Bernardo, esse, mal tinha aparecido ainda. Mas não demoraria muito porque, na sequência de um desvio de Otamendi ao primeiro poste, atirou de cabeça para o 4-0 (15′).

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O Watford, agora comandado pelo espanhol Quique Flores que passou pelo Benfica, queria vingar a pesada derrota na final da Taça de Inglaterra do ano passado, quando perdeu com os citizens por 6-0. Em pouco menos de 15 minutos, já perdia por quatro. E com golos para todos os gostos, de bola corrida ou em lances de estratégia, ainda mais compostos pelo quinto por Otamendi após cruzamento rasteiro da esquerda de Agüero (18′). Como tinha destacado Bernardo Silva em entrevista este sábado ao Daily Mail, Pep Guardiola é um técnico exigente e o City estava mesmo apostado em virar a última derrota com o Norwich.

“É muito cansativo, não há dúvidas em relação a isso, mas é o que temos de fazer. Se queremos lutar por todos os troféus da época é preciso haver alguém que puxe por nós dia após dia. Às vezes não é fácil mas é bom termos alguém que não nos deixa relaxar. o Pep [Guardiola] não pára. Sabemos que no futebol não interessa se és um dos melhores do mundo ou se jogas na 2.ª Divisão, podes sempre melhorar. Se aceitarmos isso, acabamos por aceitar que o nosso treinador vai sempre dizer-nos coisas. Se formos inteligentes percebemos que quando o treinador fala connosco de uma determinada maneira não é para nos aborrecer mas sim para melhorarmos”, argumentou. “Já estive em balneários maus e em balneários fantásticos. Este é dos melhores e isso faz uma grande diferença no momento de ganhar títulos. Temos companheiros que, joguem 90 ou cinco minutos, estão sempre lá, a apoiar, e isso é muito importante”, acrescentou sobre os segredos do Manchester City.

Destacando de novo que gostava de voltar ao Benfica um dia porque saiu quando ainda sonhava chegar ao conjunto principal e por lá ficar, e falando de novo na relação com Jorge Jesus (dizendo que não são amigos mas que não tem qualquer problema com o técnico), o internacional português revelou também a necessidade de desligar do futebol a seguir aos treinos e aos jogos e deixou mesmo uma confissão em relação a isso relacionada com… a sua avó. “Passamos tanto tempo a treinar, a jogar, em aviões, comboios, hotéis… Quando chego a casa só quero desligar. A minha avó costumava telefonar-me depois dos jogos que corriam mal mas não atendo o telefone”, revelou, antes de dar uma visão mais genérica sobre o tema.

“Toda a gente gosta de futebol e até as pessoas que não percebem nada do jogo gostam de dar opiniões mas agora sabem que não gosto de falar do assunto. Só falo de coisas normais. O futebol é vivido com paixão pelos adeptos mas é o meu trabalho. Se estiver cinco horas no centro de treinos e ainda passar o tempo que tenho com os meus amigos a falar de futebol, então isso seria a única coisa que vou ter na minha vida. Vou enlouquecer”, explicou na mesma entrevista. Este sábado, foi tudo ao contrário. Se a avó ligar, Bernardo pode atender. E dificilmente o tema será futebol num jogo que não teve história: após o 5-0 ainda dentro dos 20 minutos iniciais, Agüero teve duas bolas no poste (27′ e 44′) antes de Bernardo Silva fazer o hat-trick (49′, após assistência na área de David Silva, e 60′, depois de cruzamento de De Bruyne), o primeiro da carreira, e nova bola à trave mas de Mahrez (65′) antes de Kevin De Bruyne fechar as contas nuns invulgares 8-0 na Premier League (85′).