O aborto já não é crime em quase toda a Austrália, depois de o estado de Nova Gales do Sul, onde fica Sidney, ter eliminado esta quinta-feira uma lei com 119 anos e decretar que as mulheres podem interromper voluntariamente a gravidez até às 22 semanas de gestação. O aborto continua, ainda assim, a constituir um crime no estado da Austrália do Sul, onde a lei está a ser revista.

Anteriormente, uma mulher que fizesse um aborto ilegal podia enfrentar uma pena de prisão de dez anos. Para ter um aborto legal, era necessário que um médico considerasse que a gravidez constituía um perigo para a saúde física ou mental da mulher. Com a nova lei, qualquer mulher naquele estado australiano, que tem o maior número de habitantes do país, pode agora proceder à interrupção voluntária — sem ter que provar que a gravidez prejudica a sua saúde.

“Fnalmente alcançámos um marco histórico neste estado. As mulheres nunca mais vão ter que temer acusações ou pena de prisão quando tomarem decisões acerca das suas vidas e corpos. É uma reviravolta de 119 anos”, disse Jo Haylen, do partido trabalhista australiano, citada pela CNN. “A lei foi aprovada. 119 anos depois, as mulheres vão agora ter autonomia sobre o corpo e saúde”, escreveu no Twitter a entidade de planeamento familiar do estado de Nova Gales do Sul.

Apesar das manifestações de alegria, a nova medida aprovada por legisladores também levantou polémica no país. Grupos religiosos e ativistas anti-aborto são os principais opositores da medida. “Esta pode ser a pior lei que já foi aprovada em Nova Gales do Sul nos tempos modernos”, defendeu o arcebispo católico de Sidney, Anthony Fisher. “A nova lei do aborto é uma derrota para a humanidade”, acrescentou, citado pela CNN.

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O aborto continua a ser crime na Austrália do Sul, facto que uma coligação local a favor da interrupção voluntária da gravidez destacou nas redes sociais. “E pronto pessoal, o aborto foi finalmente descriminalizado em toda a Austrália… Ah, exceto na Austrália do Sul! Parabéns, Nova Gales do Sul. Agora façamos o mesmo aqui”, lê-se no Twitter.