O furacão Greta Thunberg começa a ter efeitos: seis milhões de pessoas — na sua maioria, jovens e estudantes — foram arrastadas e estão esta sexta-feira numa greve pelo clima em todo o mundo, em milhares de iniciativas, dando sequência a um movimento inspirado pela ativista sueca, que se tornou o rosto desta luta. Cerca de 139 países organizaram mais de seis mil eventos através das redes sociais, escreve o The Guardian.

Um desses países foi o Canadá. Em Montreal, Greta Thunberg discursou para uma multidão de 500 mil pessoas. Foi exatamente isso que ativista sueca começou por elogiar, num discurso em inglês, mas com frases em francês: “Estão aqui, pelo menos, 500 mil pessoas. Deviam estar orgulhosos por vocês. Fizemos isto juntos e não consigo agradecer o suficiente por estar aqui. É simplesmente incrível estarmos unidos de tal maneira por uma causa comum. É ótimo, não é?”

“Vocês são uma nação que supostamente é uma líder climática. A Suécia também é supostamente uma líder climática”, apontou para depois acrescentar: “Nos dois casos, isso não significa absolutamente nada. Nos dois casos, são apenas palavras vazias”. A ativista sueca apelou a que manifestações como a desta sexta-feira continuem a ser feitas até que as suas reivindicações sejam ouvidas.

Não nos cabe a nós, mas alguém precisa de fazer isto. Isto é uma emergência e nós não seremos espectadores”, garantiu.

Greta Thunberg lamentou o facto de “algumas pessoas” considerarem que os jovens que se juntaram às marchas em todo o mundo estão a “perder tempo”, quando podiam estar nas aulas. Mas a ativista sueca acredita que não é tempo perdido: “Estamos a mudar o mundo para que, quando formos mais velhos, possamos olhar os nossos filhos nos olhos e dizer que fizemos tudo o que pudemos“.

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Já nos disseram tantas vezes que não faz sentido fazer isto, que não podemos ter um impacto tão grande e fazer a diferença. Mas acho que já provamos que isso é errado. Nós somos a mudança e a mudança está a chegar”, apontou.

Estas manifestações são o culminar de uma semana de mobilização global pelas alterações climáticas que arrancou, na segunda-feira, com Cimeira do Clima da ONU, convocada por António Guterres. Greta Thunberg também está a participar numa manifestação no Québec, em que o primeiro-ministro canadiano, Justin Trudeau, também participou. Questionada durante uma breve entrevista antes da manifestação, a jovem afirmou que, como a maioria dos líderes, o primeiro-ministro canadiano “não fez o suficiente” para combater as alterações climáticas.

Greta Thunberg, que conheceu esta sexta-feira pessoalmente Justin Trudeau ao início da manhã, enfatizou que não queria “atingir indivíduos”, mas sim “concentrar-se numa visão geral, porque é mais fácil criticar uma única pessoa”. “A minha mensagem para políticos de todo o mundo é a mesma: escute e aja de acordo com o que a ciência diz”, pediu.

Na Nova Zelândia, já 3,5% da população saiu à rua

As manifestações arrancaram em Nova Zelândia, onde o número de manifestantes deverá atingir valores recorde. De acordo com os organizadores da greve pelo clima neste país, que citam”fonte credíveis”, são já cerca de 170 mil as pessoas a aderir — o que significa que 3,5% dos neozelandeses saíram à rua.

Na manhã desta sexta-feira, uma carta assinada por 11 mil neozelandeses já tinha sido entregue no parlamento a pedir que o governo declarasse emergência climática. “Os nossos representantes precisam nos mostrar medidas significativas e imediatas que salvaguardem o nosso futuro neste planeta”, disse Raven Maeder, coordenadora do School Strike 4 Climate, na Nova Zelândia, ao The Guardian, acrescentando: “Nada mais importará se não pudermos cuidar da Terra para as gerações atuais e futuras. Esta é a nossa casa.”

[Em Lisboa, no Porto e em 170 países. As imagens de um protesto que pôs o mundo na rua]