Morreu o antigo professor catedrático Nélson Traquina. Um dos mais prestigiados investigadores e autores dos estudos de jornalismo em Portugal, Traquina tinha 71 anos, foi professor do Departamento de Ciências da Comunicação da NOVA FCSH e “morreu esta quinta-feira, em Massachusetts, nos Estados Unidos, onde residia há alguns anos”, lê-se em nota emitida este sábado pela Universidade Nova de Lisboa.

Tendo trabalhado também como jornalista, enquanto correspondente em Portugal da agência de notícias United Press International (UPI) no pós-25 de abril, Nélson Traquina teve um percurso académico que incluiu estudos em França e Estados Unidos da América. Em França, passou pela Universidade de Paris I, onde estudou Comunicação Social e Política, e pela Universidade de Paris V, na qual se doutorou em Sociologia. Nos Estados Unidos da América, licenciou-se em Política Internacional no Assumption College — instituição universitária de Worcester, Massachusetts —, tendo prosseguido depois os estudos com um mestrado em Polícia Internacional na Universidade de Denver.

Em Portugal, foi um dos principais formadores de uma nova geração de jornalistas “universitários”. Os primórdios dos estudos de jornalismo em universidades portuguesas remontam ao final dos anos 1970, mais especificamente ao ano de 1979, em que a Faculdade de Ciências Sociais e Humanas da Universidade Nova de Lisboa abriu a primeira licenciatura de comunicação social em Portugal. Seria precisamente nessa instituição que Nélson Traquina viria a lecionar, “desde o início dos anos 80”.

Autor de várias obras sobre os media — publicou, por exemplo, os livros “O Quarto Poder Frustrado”, “A Tribo Jornalística”, “O que é o Jornalismo” e “O Poder do Jornalismo” e a importante antologia “Jornalismo: Questões, Teorias e Estórias” —, Nélson Traquina “foi o primeiro académico português a sistematizar um pensamento sobre a estrutura política das notícias como bens simbólicos e a conceber o jornalismo simultaneamente como uma prática profissional e um campo de estudos e reflexão”, refere a universidade em que lecionou, em nota publicada este sábado.

Fundador, também, do Centro de Investigação Media e Jornalismo (CIMJ), que se tornaria mais tarde o ICNOVA, ainda durante os anos 1990, a influência de Nélson Traquina no jornalismo português não se repercute apenas no trabalho dos jornalistas que formou na FCSH-UNL. O pensamento e a investigação do antigo académico — desde logo sobre práticas jornalísticas e sobre história do jornalismo — são hoje alvo de estudo nas licenciaturas de comunicação social das universidades portuguesas.

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