Todas as peças começam a encaixar-se de modo a permitir que a Tesla se transforme num fabricante de células de bateria. Até agora, a marca norte-americana possui uma parceria com a Panasonic para a produção de células cilíndricas – de dois tipos, as 18650 para os Model S e X, e as maiores 2170 para equipar o Model 3 –, que nenhum outro fabricante do mercado disputa serem aquelas que atingem a maior densidade e o mais baixo custo. O que nem sequer é estranho, atendendo a que a Tesla e a Panasonic investem neste negócio desde 2012, enquanto os restantes fabricantes de baterias começaram bastante mais tarde. Pelo menos, com a necessidade de optimizar a eficiência sem olhar a custos.

Mas a Tesla quer continuar a liderar em tecnologia, o que a obriga a continuar a investir em investigação e desenvolvimento. E, na maior parte das vezes, este investimento passa pela aquisição de empresas mais pequenas com conhecimentos específicos em áreas que levam tempo a dominar. Daí que a empresa de Elon Musk tenha adquirido a Maxwell, reputado fabricante de utracondensadores, dominando esta tecnologia como ninguém, o que levou a Tesla a estabelecer um novo laboratório para desenvolver um novo tipo de baterias, necessariamente inovador, já sem a presença da Panasonic.

Agora a Tesla volta a ser notícia por ter adquirido os canadianos da HilbarSystems, um especialista na produção de células de baterias e na fabricação de equipamento específico para as linhas de montagem de baterias. Isto poderá querer dizer que o construtor se prepara para abandonar as células cilíndricas que usou até aqui nos seus veículos?

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Mas a Hilbar Systems não foi a única aquisição da Tesla nas últimas semanas. De acordo com a CNBC, a marca americana comprou a startup DeepScale, especializada em inteligência artificial e computer vision. A Tesla não é o primeiro fabricante a comprar startups, mas esta, fundada em 2015, encaixa-se nas suas próximas necessidades, com o objectivo inicial a estar relacionado com o desenvolvimento de veículos autónomos e a criação de redes neurológicas.

Não deixa de ser estranho que uma empresa como a Tesla, constantemente pressionada por Wall Street para declarar lucros – o que apenas tem conseguido ocasionalmente –, se dê ao luxo de investir tão fortemente, o que pouco ajuda à obtenção de melhores resultados financeiros no trimestre. A explicação pode ser encontrada junto da pouca importância que Musk (e os seus accionistas de referência) dão à performance imediata, preferindo concentrar-se no potencial a médio e longo prazo. Resta ver qual o resultado desta estratégia.

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