Morreu esta terça-feira o jornalista Rogério Rodrigues, aos 72 anos, depois de ter sido hospitalizado na última semana. Fundador do semanário O Jornal, que acabaria por dar lugar à revista Visão, foi jornalista do Público, do Jornal de Notícias, diretor-adjunto do jornal A Capital , durante a direção de Luís Osório, e colaborou com muitos outros títulos portugueses, alguns dos quais já extintos, como o Diário de Lisboa ou o Rádio Clube Português.
“Faleceu um dos grandes jornalistas portugueses de quem tive o privilégio de ser camarada de redação e amigo — Rogério Rodrigues”, escreve, no Facebook, Henrique Monteiro, antigo diretor do Expresso e que trabalhou de perto com o jornalista.
“Compadre do nosso querido Fernando Assis Pacheco, que já lá está há tantos anos a fazer falta cá, amigo do peito de Afonso Praça — outro que nos abandonou precocemente — foi das redações do Diário de Lisboa, O Jornal e Público, entre outras. Fez boa poesia, daquela transmontana, de Peredo de Castelhanos, Torre de Moncorvo, de onde era natural. Foi perseguido antes do 25 de Abril, tolerante e aberto depois. Teimoso sempre. Comigo fez trabalhos inesquecíveis (para mim). Paz à sua alma que neste momento vai a caminho das terras que não conhecemos, mas na direção do Sol nascente.”
Também Luís Osório, amigo de longa data do jornalista, publica um longo texto no Facebook sobre Rogério Rodrigues. “O Rogério foi o melhor, o mais extraordinário jornalista que conheci. A pessoa com quem mais aprendi, a pessoa com quem bebi o primeiro whisky, a pessoa a quem confessei não ser capaz, a pessoa a quem pedi refúgio nos meus divórcios, nas minhas falhas, pecados, tragédias.”
Foi no Diário de Lisboa que Rogério Rodrigues deu os primeiros passos como jornalista, e foi enquanto ali trabalhava, tratando dos temas de Educação, que contou a história da fadista Teresa Torga. Durante as suas habituais idas ao Ministério da Educação, o jornalista reparou que Teresa Torga, nos intervalos do tratamento psiquiátrico no hospital Júlio Matos, dançava nua no cruzamento da Avenida Miguel Bombarda com a Avenida 5 de Outubro.
A sua crónica, intitulada “Ex-fadista nua em plena cidade”, seria a semente para uma canção de Zeca Afonso, com o nome da fadista, parte do alinhamento do álbum “Com as minhas Tamanquinhas”, editado em 1976.
Autor do livro “Vida e Mortes de Faustino Cavaco”, editado em 1988, o jornalista contou, ao estilo de reportagem, como aconteceu a mais sangrenta fuga de uma prisão em Portugal: no verão de 1986, seis reclusos conseguiram evadir-se da Colónia Penal de Pinheiro da Cruz, assassinando três guardas prisionais.
Rogério Rodrigues nasceu a 17 de Fevereiro de 1947 no Peredo dos Castelhanos, aldeia do concelho de Torre de Moncorvo. Morreu aos 72 anos. O velório realiza-se esta sexta-feira, a partir das 18h00, na Igreja Matriz da Amadora. No sábado, o cortejo fúnebre sai da igreja às 14h00, para o crematório de Barcarena, conforme anunciou, tamb´rm no Facebook, o seu filho Tiago Rodrigues, diretor artístico do Teatro Nacional D. Maria II.