O furacão Leslie em Portugal, há um ano, que atingiu grande parte da região Centro, sobretudo o distrito de Coimbra, provocou 27 feridos ligeiros, 61 desalojados e prejuízos de cerca de 120 milhões de euros.
A passagem do Leslie, que chegou a Portugal como tempestade tropical, na noite de 13 para 14 de outubro de 2018, afetou, com diferentes graus de gravidade, muitas centenas de habitações, provocando 57 desalojados no distrito de Coimbra, três no de Viseu e um no de Leiria – correspondentes aos territórios mais atingidos e dos quais também faz parte o de Aveiro.
O vento, com uma rajada de 176 quilómetros por hora, o valor mais elevado observado em Portugal (na zona da Figueira da Foz), foi o fenómeno que causou maior número de ocorrências, de acordo com a Proteção Civil, que contabilizou um total de quase dois milhares e meio de ocorrências (perto de metade das quais relacionadas com queda de árvores e cerca de um quinto com queda de estruturas), mobilizando cerca de oito mil operacionais, apoiados por mais de dois mil meios terrestres.
Figueira da Foz, no litoral do distrito de Coimbra, foi o município mais penalizado pela tempestade, que ali danificou centenas de habitações, empresas, clubes e associações e os portos comercial e de pesca, com prejuízos estimados num valor global de 38 milhões de euros. A Serra da Boa Viagem, ainda no concelho da Figueira da Foz, foi fortemente fustigada pelo vento, que derrubou cerca de 3.500 árvores, muitas centenárias, a maior parte das quais no núcleo central deste espaço natural.
Montemor-o-Velho, no Baixo Mondego, com danos calculados em cerca de 20 milhões de euros – quase metade dos quais relacionados com a agricultura, com forte presença na região –, Coimbra (perto nove milhões de euros), Soure (mais de seis milhões de euros), Cantanhede (quase cinco milhões de euros), Condeixa-a-Nova (cerca de quatro milhões de euros) e Mira (136 mil euros) são outros dos municípios do distrito de Coimbra lesados pelos fortes ventos e chuvas da Leslie.
No distrito de Leiria, Marinha Grande, cujos prejuízos, com especial incidência na Praia da Vieira, rondam os cinco milhões de euros, Pombal, com danos equivalentes a mais de três milhões de euros, e Leiria (mais de dois milhões de euros) foram os concelhos mais atingidos, enquanto em Aveiro, o município da Mealhada foi um dos mais afetados – só a Mata do Buçaco sofreu perdas avaliadas em cerca de meio milhão de euros.
Além daqueles, outros municípios foram igualmente atravessados pela Leslie, mas com proporções inferiores, mas também causando danos, essencialmente no setor agrícola, para o qual o Governo abriu uma linha de apoio, a fundo perdido, de 15 milhões de euros, e duas linhas de crédito no valor global de cinco milhões de euros.
São os casos de Águeda, Albergaria-a-Velha, Anadia, Aveiro, Estarreja, Ílhavo, Murtosa, Oliveira do Bairro, Ovar, Sever do Vouga e Vagos, no distrito de Aveiro, Arganil, Góis, Lousã, Miranda do Corvo, Oliveira do Hospital, Penacova, Penela, Tábua e Vila Nova de Poiares (Coimbra), Alvaiázere, Ansião, Batalha, Castanheira de Pera, Figueiró dos Vinhos e Porto de Mós (Leiria) e Carregal do Sal, Mangualde, Mortágua, Nelas, Oliveira de Frades, Penalva do Castelo, Santa Comba Dão, São Pedro do Sul, Sátão, Tondela, Viseu e Vouzela (Viseu).
Na área florestal, as autoridades registaram 12,7 milhões de euros de prejuízos em cerca de 3.500 hectares de 14 matas nacionais e perímetros florestais do litoral Centro, afetando oito municípios. A tempestade lesou, igualmente, produtores de resina, destruindo entre 200 mil a 250 mil bicas localizadas em pinhais principalmente da faixa litoral compreendida entre Figueira da Foz e Leiria, de acordo com a associação do setor.
A Leslie originou a participação de 28 mil sinistros às companhias seguradoras, que, segundo a Associação Portuguesa de Seguros, atingem um custo estimado em mais de 60 milhões de euros, isto é, cerca de metade do valor global dos prejuízos provocados diretamente pela tempestade.