Miguel Relvas, antigo ministro dos Assuntos Parlamentares e conhecido militante do PSD, voltou a atacar Rui Rio e os seus resultados nas legislativas — e aproveitou ainda para falar sobre o futuro do seu partido, elogiando Miguel Pinto Luz e sublinhando que Luís Montenegro parte na frente desta corrida à sucessão. Mas a principal ideia da entrevista, concedida pelo social-democrata à Teledifusão de Macau (TDM), e citada pela TSF, foi o seu claro pedido de união entre a direita, dizendo que, caso “esta nova geração” falhe nesse intento, “há sempre gente que pode regressar”. “Não vejo que Passos Coelho e Paulo Portas estejam afastados da vida política”, concretizou, referindo ainda o nome do comentador Luís Marques Mendes e elogiando Pedro Santana Lopes.

Miguel Relvas já tinha sido um dos primeiros militantes do PSD a criticar ferozmente o resultado do líder Rui Rio nestas eleições legislativas. Na segunda-feira a seguir ao escrutínio eleitoral, disse mesmo em declarações à Rádio Observador que este resultado é “uma das maiores derrotas” de sempre do partido, num contraste claro com o discurso da noite eleitoral do líder social-democrata, e que é tempo de pensar na sucessão a Rio.

Miguel Relvas ataca “serviços mínimos” de Rio. No PSD, “os líderes que perderam souberam tirar ilações”

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Agora, em entrevista à TDM, Relvas fala abertamente sobre aqueles que já demonstraram vontade de desafiar o atual líder do PSD: “Gosto muito da visão que Miguel Pinto Luz tem da vida, da sociedade. O trabalho que tem sido feito em Cascais é de alguém que está a ver além do seu tempo”, afirma, reconhecendo, no entanto, que é Luís Montenegro quem “parte claramente à frente”. “Depois a seguir precisam de se entender para que se criem condições para que o PSD volte a ser alternativa”, sentencia.

Mas, e se tal não vier a acontecer? Se o sucessor de Rio continuar a ter de lidar com divisões internas, qual pode ser o futuro da direita? Relvas tem a resposta: “Se esta nova geração não for capaz de agregar, não for capaz de somar, eu não vejo que Passos Coelho e Paulo Portas estejam afastados da vida política”, declara. “Há sempre gente que pode regressar”, afirma na mesma entrevista, dizendo que “em caso de emergência, aí estarão”.

O antigo primeiro-ministro e o ex-ministro dos Negócios Estrangeiros e ex-líder do CDS são, para Relvas, escolhas óbvias, por terem feito parte de um Governo que, na sua opinião, “salvou Portugal”. Mas não são os únicos: Relvas também destaca o nome do comentador Marques Mendes e expressa que gostaria que Pedro Santana Lopes regressasse ao “espaço” do centro-direita.

Sobre o resultado do PSD nestas eleições e a liderança de Rui Rio, o antigo ministro social-democrata é taxativo: “Ele desuniu o PSD” e “não gosta do PSD”. “É líder de um partido de que ele não gosta e criou uma conflitualidade interna”, acrescentou Relvas, referindo-se aos candidatos que ficaram de fora das listas de deputados e que eram próximos da direção anterior de Passos Coelho, como Maria Luís Albuquerque. “Afastar sem razão aparente, quando eles tinham sido indicados pelas estruturas locais…”, lamentou-se o antigo dirigente do partido. “Todo o esforço inútil só pode levar à melancolia política em que eles hoje vivem.”

Relvas considera que as ações internas de Rio acentuaram um processo de divisão na direita que se agrava com o surgimento de novos partidos: “Começo a acreditar que poderemos vir a estar num processo federativo entre o PSD e o CDS se não formos capazes de, no curto prazo, afirmar os dois partidos. Sob pena de vermos crescer o Chega e o Iniciativa Liberal, o reforço da Aliança, estas forças nasceram agora porque não fomos capazes de agregar“, acusa.

Tendo em conta este cenário, o antigo ministro dos Assuntos Parlamentares de Passos Coelho considera que Rui Rio deve candidatar-se à reeleição como líder, mas considera que não tem condições para vencer esse combate: “Se não teve ideias e força para mobilizar os portugueses nesta eleição, vai ter quatro anos depois?”, questiona.