Menos de um ano depois de ter sido reeleito com mais de 86% dos votos numa eleição contra Pedro Madeira Rodrigues, Bruno de Carvalho não gostou da forma como decorreu uma primeira Assembleia Geral realizada no Multidesportivo de Alvalade em fevereiro de 2018, ponderou e fez uma espécie de all in que colocava o seu futuro em jogo duas semanas depois em nova reunião magna – se as alterações estatutárias, o Regulamento Disciplinar e uma espécie de “voto de confiança” à Direção não tivessem pelo menos 75%, pedia a demissão. Apesar de toda a contestação sobretudo ao segundo pontos, todos os pontos passaram quase com 90%. E hoje esse Regulamento Disciplinar criado com o anterior líder volta a ser notícia por outras razões.

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No seguimento de todos os acontecimentos na última Assembleia Geral do Sporting, que aprovou o Relatório e Contas do exercício 2018/19 com maior percentagem de votos mas menor votantes, a reunião do Conselho Fiscal e Disciplinar do clube, liderado por Joaquim Baltazar Pinto, decidiu algo que já era comentado depois do encontro no Pavilhão João Rocha: alguns associados, sem que seja possível nesta altura quantificar quantos (a identificação de quem usou da palavra no palanque será neste caso mais fácil), serão alvo de processos à luz desse Regulamento Disciplinar por injúrias e ofensas a Frederico Varandas, presidente da Direção, incorrendo numa de quatro sanções possíveis: admoestação, repreensão registada, suspensão ou expulsão de sócio.

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Além desses processos disciplinares, que ao abrigo dos estatutos não serão tornado públicos (nem nomes dos associados, nem número total de sócios sob alçada do Conselho Fiscal e Disciplinar), a Direção prepara também alterações estatutárias que permitam dar outro contexto a este tipo de votações em Assembleias Gerais: a utilização do voto eletrónico descentralizado, algo que deverá ser discutido também no próximo Congresso Leonino em Beja, a 16 e 17 novembro, enquadrado na primeira secção “Clube, sócios e adeptos” (as outras são estratégia para futebol, estratégia para modalidades e sustentabilidade e marca Sporting).

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“1.405 sócios marcaram presença na última Assembleia Geral (AG) do clube, realizada na passada quinta-feira, representando menos de 1% do número total de sócios do Sporting. Se considerarmos apenas os sócios elegíveis para votar – com as quotas em dia e maiores de idade – tivemos uma representatividade de pouco mais de 2% dos sócios com o poder de decidir (…) O modelo atual limita e dificulta seriamente a participação dos sócios, naquele que é o seu maior e principal direito inalienável: o poder de decidir (…) As eleições de setembro do ano passado marcaram o início de uma nova era. Propor a alteração do modelo instituído das AG, cujo formato está totalmente ultrapassado e, na realidade, muito pouco democratizado, é uma das medidas estruturais mais profundas e necessárias para o futuro do clube. A implementação do sistema de voto eletrónico remoto possibilitará que qualquer sócio possa votar sem qualquer constrangimento geográfico e em condições de segurança e confidencialidade, garantindo assim a todos os sócios o poder de decidir”, escreve no editorial do jornal do clube que sairá esta quinta-feira Rahim Ahamad, do Conselho Diretivo dos leões.

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Curiosamente, e caso essa alteração seja aprovada, é possível que o voto eletrónico seja utilizado pela primeira vez na votação de Orçamentos ou Relatórios e Contas do clube e não no próximo ato eleitoral (marcado para março de 2022) – naquela que foi uma das promessas nos últimos sufrágios do clube verde e branco. Olhando para a realidade nacional, o Benfica já utiliza há algum tempo o voto eletrónico descentralizado mas apenas para eleições e não em Assembleia Gerais, que continuam a ser realizadas e votadas no Pavilhão da Luz.

Mas se no pós AG houve medidas tomadas pelo Conselho Fiscal e Disciplinar e medidas ponderadas pela Direção, a verdade é que a contestação ao presidente leonino por parte da principal claque do clube, a Juventude Leonina, não esvaziou em nada e voltou a ouvir-se esta quarta-feira no Pavilhão João Rocha, durante o jogo de andebol entre o Sporting e o Belenenses. “Onde é que está o Varandas? Onde é que está o Varandas? Ele não está cá, ele não está cá, ele não está cá…”, foi uma das músicas entoadas no setor das claques leoninas.

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Recorde-se que, depois da Assembleia Geral, houve uma troca de “farpas” entre João Sampaio, vice-presidente verde e branco, e a Juve Leo. “A violência verbal, que pode facilmente resvalar para a violência física, é a grande responsável por todas as dificuldades que o clube teve desde os incidentes de Alcochete e nós não podemos compactuar com isto. O Sporting e os sportinguistas não podem compactuar com isto!”, comentou o dirigente, em declarações ao canal do clube. “Será que o maior problema do Sporting são os seus adeptos? Ou só somos bons quando ganhamos? Ou só somos bons quando está tudo bem e tentam nos calar?… Acabou! Um dia tirem a gravata e venham apoiar na bancada o que nós apoiamos. O que nós amamos é o nosso Sporting! E vocês? Amam o Sporting? Amam os vossos ideais? Ou amam a cor do dinheiro? As Direções passam e nós estamos sempre cá. Quem nos tenta derrubar só perder tempo em tentar”, respondeu em comunicado a claque.