A princesa Leonor de Espanha foi o centro das atenções esta sexta-feira numa estreia dupla: a entregar os Prémios Princesa das Astúrias (instituição que preside a título honorário) e a discursar no mesmo sítio onde o seu pai, o rei Felipe VI, também se dirigiu ao público pela primeira vez no dia 3 de outubro de 1981, quando tinha os mesmos 13 anos que a sua filha tem hoje. Segundo o jornal El País, a jovem herdeira da coroa foi interrompida três vezes por estrondosos aplausos que reforçaram a força da sua intervenção — que já trouxe consigo um considerável peso político.
Depois de um começo mais formal onde se assumiu “muito feliz” por estar à frente dos prémios que entregou, Leonor partiu calma e sorridente para uma linha discursiva que primeiro enobreceu a zona das Astúrias (que à semelhança do seu pai carrega como título nobiliárquico) — “Os meus pais sempre nos falaram, a mim e à minha irmã, a infanta Sofia, sobre as Astúrias: a sua cultura, história e tradições. Também da sua paisagem natural. Mas, acima de tudo, sempre nos ensinaram a admirar os asturianos. As Astúrias são, também, a terra da minha mãe, a Rainha, e eu também tenho sangue asturiano” — mas logo de seguida deixou no ar uma posição mais politizada que, ao de leve, se relacionou com os tumultos independentistas que se têm sentido na região da Catalunha — “Esta é a terra que carrego no título que ostento enquanto herdeira da coroa, tal e qual fez o meu pai, o rei, durante tantos anos. Eu faço-o agora com responsabilidade, sinto-me muito honrada com ele [o título de princesa das Astúrias]. É um título que me compromete com a entrega e o esforço de servir a Espanha e todos os espanhóis. Em minha casa as palavras ‘Espanha’ e ‘Astúrias’ surgem sempre unidas com a mesma força com que a história as uniu. Assim o sinto no meu coração.”
Na parte final da intervenção de Leonor houve ainda tempo para um agradecimento emocionado à avó paterna, a Rainha Sofia: “Ela sabe o importante que é para mim tê-la aqui nesta cerimónia que significa tanto para as Astúrias e para toda a Espanha (…) Este momento será inesquecível para mim e, como disse o meu pai aqui mesmo, quando tinha a minha idade, ‘vou levá-lo para sempre no fundo do meu coração'”.
Leonor de Todos los Santos de Borbón y Ortiz é a primogénita dos reis de Espanha e natural herdeira do trono, isto caso Felipe VI e Letícia não tenham nenhum rapaz — a Constituição dá prioridade de sucessão a filhos homens. Aos poucos a monarca tem ganho maior visibilidade enquanto figura real. Antes desta entrega de prémios (que, de certa forma, lhe são dedicados, já que Leonor é Princesa das Astúrias), há quase um ano, fez a sua primeira intervenção pública ao ler uma parte da Constituição num evento onde se celebrava, precisamente, os 40 anos desse documento.
Antes deste momento as suas aparições iam sendo discretas: em 2016 assistiu a um jogo da Liga dos Campeões entre o Atlético de Madrid e o Bayern de Munique (até celebrou um golo do Atleti); em 2014, Leonor e a irmã participaram na cerimónia de entronização do pai bem como nas celebrações do dia de Espanha; e em 2010 acompanhou os avós, Juan Carlos e Sofia, na receção à seleção Espanhola de Futebol, tendo participado numa missa em homenagem à sua bisavó paterna, Maria das Mercedes de Bourbon-Duas Sicílias. Há uma semana, esteve em evidência de igual forma durante os festejos do Dia Nacional de Espanha.
A aposta na formação de Leonor começou cedo, tendo ingressado no Infantário da Guarda Real no Palácio de El Pardo com dois anos; no ano seguinte entrou no Colégio Santa María de los Rosales de Aravaca, a mesma escola onde andou o pai Felipe VI. Atualmente continua a tem aulas de mandarim duas vezes por semana, treina o inglês com a mãe e a avó paterna quase todos os dias e pratica ainda ballet, ténis, esqui e natação.
Na lista dos vencedores que receberam o prémio pela mão da jovem princesa estão o dramaturgo britânico Peter Brook (Prémio das Artes), Javier Solana, presidente do conselho de administração do Museu do Prado (a instituição recebeu o Prémio de Comunicação e Humanidades); o matemático e engenheiro americano Salman Khan e sua plataforma Khan Academy ( Prémio de Cooperação Internacional); a esquiadora norte-americana Lindsey Vonn (Prémio do Desporto); a escritora também norte-americana Siri Hustvedt, juntamente com seu marido, o escritor Paul Auster (Prémio de Cartas); o sociólogo e demógrafo norte-americano de origem cubana Alejandro Portes (Prémio das Ciências Sociais); as cientistas Joanne Chory e Sandra Myrna Díaz (Prémio de Pesquisa Científica e Técnica) e a presidente da câmara da cidade de Gdansk, na Polónia, Aleksandra Dulkiewicz, cuja cidade recebeu o prémio Concord.