A visita oficial da Família Real à Catalunha, agendada para 4 e 5 de novembro, está a preocupar as autoridades e o Ministério da Administração Interna, que se preparam para formar um cordão em torno dos monarcas espanhóis de maneira a que estes não sejam afetados por manifestações independentistas.

De acordo com o El Español, a Casa Real espanhola está articulada com o Ministério da Administração Interna e com a delegação do Governo de Espanha na Catalunha de maneira a ser montando um dispositivo de segurança especial em torno da Família Real espanhola, que visita a Catalunha a menos de uma semana das eleições gerais e numa altura em que, depois da sentença que ditou até 13 anos de prisão para políticos e ativistas pelo independentismo, as manifestações se multiplicam naquela região.

Segundo o El Mundo, uma das prioridades do Governo é a de garantir o controlo da autoestrada AP-7 (uma das principais de Espanha, que atravessa quase a totalidade da costa mediterrânica de Espanha, Catalunha incluída), que tem sido alvo de cortes por parte dos Comités de Defesa da República (CDR), designação de alguns grupos independentistas organizados que levam a cabo ações de boicote.

Apesar de os CDR não terem feito ainda nenhuma convocatória nos seus canais de comunicação contra a visita real, a possibilidade de estes virem a sair às ruas preocupa as autoridades espanholas. Também o grupo Tsunami Democràtic, cuja estrutura e fonte de financiamento se desconhece, e que está neste momento a ser investigado pela Audiencia Nacional, ainda não convocou nenhuma manifestação a propósito da passagem de Filipe VI em Barcelona. Ainda assim, este movimento já tem demonstrado ao longo das últimas duas semanas que tem uma capacidade de convocar rapidamente milhares de manifestantes.

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Da parte do Arran, a ala juvenil do partido independentista de extrema-esquerda Candidatura de União Popular (CUP) publicou uma mensagem no Twitter onde chamou atenção para a visita de Filipe VI e da sua família à Catalunha, referindo que mais tarde irá dar pormenores das ações de protesto que irá desenvolver, anunciando-os no seu canal de Telegram. “Guardem a segunda-feira à tarde”, lê-se num tweet. Tudo isto vem acompanhado de um lema que já é repetido de anteriores visitas reais à Catalunha: “Nem Rei, nem medo”.

A razão da visita do rei Filipe VI e da sua família à Catalunha é a entrega anual dos Prémios Fundação Princesa de Girona, que servem para destacar jovens entre os 16 e os 25 anos em áreas como a investigação científica, gestão ou artes e letras, entre outros. A entrega dos prémios irá acontecer no Palácio de Congressos da Catalunha — uma localização escolhida como plano B, desde que, em 2017, o município de Girona rejeitou que aquele prémio com selo monárquico tivesse lugar no Palácio de Girona.

Também à semelhança do que já tem acontecido desde 2018,  cerimónia dos prémios não deverá contar com a presença de nenhum representante do governo regional da Catalunha nem da autarquia de Barcelona.