O governo do México divulgou, esta quarta-feira, um vídeo com a detenção de Ovidio Guzmán López, filho do narcotraficante El Chapo, sobre o qual pende um pedido de prisão e extradição dos Estados Unidos. O vídeo foi tornado público juntamente com um relatório do governo que mostra como toda a intervenção correu mal e pretendia apaziguar as críticas ao executivo, refere o jornal The Guardian.

Durante a detenção, e com os tiros a ouvirem-se no exterior da casa de Culiacán, os militares dizem a Guzmán que peça aos seus homens para pararem tudo. O homem de 29 anos liga ao irmão e pede-lhe isso mesmo, mas o cartel de Sinaloa conseguiu cercar a casa e várias bases militares e obrigou a que a operação fosse abortada. Cerca de quatro horas depois de entrarem na casa, os militares tiveram de cancelar a operação e bater em retirada.

O cartel tinha conseguido impedir que as forças de segurança assumissem as posições previstas no curso da operação, comprometendo o sucesso da mesma, mas a gota de água terá sido quando os narcotraficantes atacaram os alojamentos das famílias dos militares e fizeram nove soldados reféns.

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O ministro da Segurança, Alfonso Durazo, explicou que para evitar o banho de sangue e a perda de vidas inocentes decidiram abortar a operação. A estratégia do Presidente, Andrés Manuel López Obrador, é de “abraços e não tiros” (“abrazos, no balazos”), preferindo combater as causas do crime organizado e não o crime organizado em si, mas a verdade é que a violência aumentou desde que tomou posse em dezembro.

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Apesar da revelação feita pelo governo do falhanço da operação, ficaram por explicar como é que uma operação aparentemente mal planeada pode avançar e como é que o cartel saber tão rapidamente o que se estava a passar e preparar um contra-ataque.

Ricardo Marquez, um antigo membro das forças de segurança, disse, citado pelo jornal The Washingthon Post, que esta apresentação mostrou que o governo não usou todos os recursos que tinha à disposição, incluindo helicópteros e cerca de 3.200 militares na região.

Ovidio Guzmán, de 29 anos, é considerado pelos Estados Unidos um dos principais traficantes de metanfetaminas e fentanil (um opioide) no país, daí que tenha emitido um pedido de extradição para o filho do narcotraficante El Chapo.