Os fabricantes de automóveis investem milhões no desenvolvimento de novos veículos, que depois recuperam à medida que os comercializam durante o seu tempo de vida útil, que dura, em média, 8 anos. Mas nem só as vendas recarregam a carteira das marcas, já que realizam igualmente bastante capital com as revisões e manutenções. E é aí que residirá o “problema” no caso dos automóveis eléctricos, pois estes são bastante menos exigentes no que respeita a visitas de rotina às oficinas.
Quem o afirma é Helen Lees, a responsável pelos veículos eléctricos e serviços conectados do Grupo PSA, que confirmou o que já se esperava: “Os eléctricos vão diminuir os lucros dos construtores na área do pós-venda.” Segundo ela, os carros eléctricos são mais simples de manter, têm menos peças de desgaste e, logo, necessitam de menos serviço de oficina. Tudo isto corta uma fatia da facturação das marcas, via pós-venda.
Referindo-se em concreto aos novos Peugeot 208 e ao seu parente a bateria, o e-208, Lees avançou que os modelos eléctricos reduzem a apenas 1/3 os custos de manutenção, comparados com veículos similares com motores de combustão. Na realidade, não há mudanças de óleo, ou dos respectivos filtros, de velas, de filtros de ar e de tudo o resto que nos obriga a visitar regularmente a oficina.
Este corte na facturação das oficinas oficiais dos fabricantes vai igualmente ser sentido, ainda que mais a prazo, pelas oficinas multimarca que abundam por aí. Quando o número de veículos eléctricos em circulação for significativo, também elas se vão ressentir com a menor solicitação de serviços. É exactamente para fazer frente a essa quebra na facturação, através do pós-venda, que todas as marcas estão a desenvolver sistemas e soluções para vender aos seus clientes, idealmente over-the-air.