Falta pouco mais de um mês para as eleições antecipadas no Reino Unido e a pré-campanha arranca com os partidos a cavarem fundo aquilo que os separa, no caso dos Trabalhistas, Jeremy Corbyn vincou esta terça-feira as intenções que vê no plano de Boris Johnson e dos Conservadores para o Brexit: “Votar nos conservadores de Johnson é votar na traição ao nosso Serviço Nacional de Saúde que será vendido a Trump”. Corbyn diz que “não é assim tão difícil” resolver o impasse do Brexit, pelo menos de for seguido a sua proposta: “Sair com um acordo sensato ou permanecer na UE”.
Perante as acusações que vêm dos conservadores — de que está a querer voltar à estaca zero com um novo referendo — Corbyn veio dizer que a consulta que propõe “não vai ser uma repetição de 2016”, já que o que quer é a decisão entre “sair com um acoro sensato ou permanecer. Não é assim tão complicado”, rematou na sua inetervenção.
Corbyn tocou, como já estava previsto, no nervo trabalhista: o temor de uma onda liberalizante da economia, de mercado desregulado, aberto a todo o tipo de negócios e economias e sobretudo com implicações ao nível no mercado de trabalho. O discurso foi feito em Harlow, nos arredores de Londres, onde em 2016 os votos pela saída do Reino Unido da União Europeia tiveram forte expressão, como nota a Reuters. Na audiência, os apoiantes do líder trabalhista acompanhavam as palavras com gritos de que o país “não está à venda”.
E Corbyn prosseguiu continuando a agitar o fantasma da verdadeira intenção que vê em BoJo: “Eles querem é uma corrida até ao fundo do poço e baixar os padrões. Querem levar-nos para um modelo económico americano com menos regulação”. A propósito invocou mesmo a memória da antiga primeira-ministra Margaret Thatcher para dramatizar este receio, dizendo que o que os conservadores querem é “sequestrar o Brexit e soltar o Thatcherimo com esteróides”. “O ataque de Margaret Thatcher ao trabalhadores deixou cicatrizes que nunca sararam e comunidades que nunca recuperaram”, disse o trabalhista que acusa os conservadores de usarem o Brexit para aplicarem “aquilo que estão a planear fazer em nome do Thatcherismo”.