O antigo líder do Partido Trabalhista Jeremy Corbyn não será autorizado a sentar-se na bancada parlamentar trabalhista, decidiu esta quarta-feira o sucessor, Keir Starmer, na sequência dos problemas relacionados com o antissemitismo no Labour.

“As ações de Jeremy Corbyn em resposta ao relatório da EHRC [Comissão de Igualdade e Direitos Humanos] minaram e atrasaram o nosso trabalho de restaurar a confiança na capacidade do Partido Trabalhista de combater o antissemitismo”, justificou Starmer, através da rede social Twitter.

Starmer acrescentou que a decisão vai continuar “sob análise”.

Corbyn foi suspenso do partido, e consequentemente do grupo parlamentar, há três semanas atrás, mas na terça-feira uma comissão disciplinar interna aprovou a sua reintegração no Labour, o que foi criticado por ativistas judeus.

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Num depoimento, três organizações, entre os quais o Conselho de Deputados dos Judeus Britânicos e o Conselho de Liderança Judaica, consideraram a readmissão de Corbyn um “passo retrógrado” e disseram que a “montanha a ser escalada para reconquistar a confiança de nossa comunidade apenas aumentou”.

Esta quarta-feira, após o anúncio de Keir Starmer, aplaudiram a “decisão apropriada” e reiteraram a necessidade de “tolerância zero, seja para antissemitas ou apologistas”.

Corbyn foi suspenso por ter recusado aceitar “todas” as conclusões do relatório e alegar que a “dimensão do problema foi muito exagerada” por rivais políticos dentro e fora do Partido e pela comunicação social.

O relatório da Comissão publicado no final de outubro disse ter encontrado “atos ilegais de assédio e discriminação” antissemita durante a liderança de Jeremy Corbyn entre 2015 e 2020, período durante o qual foi candidato a primeiro-ministro duas vezes.

O relatório de 130 páginas, resultado de uma investigação que durou 16 meses, diz ter encontrado “falhas significativas na maneira como o Partido Trabalhista lidou com as queixas de antissemitismo”.

Na terça-feira, Corbyn, eleito pelo Partido Trabalhista desde 1983, procurou clarificar as declarações anteriores, divulgando um comunicado no qual admitia que “as preocupações com o anti-semitismo não são exageradas nem sobrestimadas”.

O que eu queria dizer era que a vasta maioria dos membros do Partido Trabalhista eram e continuam a sendo anti-racistas empenhados e profundamente opostos ao antissemitismo”.