Foi recuperado o corpo do condutor que manobrava a máquina que caiu no sábado numa pedreira, em Vila Viçosa (Évora), perto das 17 horas. O corpo tinha sido localizado na manhã de domingo, como confirmou ao Observador o Comando Distrital de Operações de Socorro (CDOS) de Évora.

O corpo do homem estava numa espécie de câmara que foi criada pelas pedras que caíram na pedreira, noticiou a SIC Notícias. Durante a manhã, os mergulhadores conseguiram localizar o corpo do homem. Mas só no mergulho da tarde conseguiram encontrar uma passagem alternativa para resgatar a vítima.

Com a recuperação do corpo pelos mergulhadores, foi dispensada a necessidade de trazer gruas para o local para retirar as pedras que tinham caído no fundo da pedreira e criado a câmara onde se encontrava o homem.

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As buscas tinham sido retomadas este domingo, às 9 horas, com reforço de meios. Nessa altura, as autoridades começaram com trabalhos na escarpa “para despistar uma eventual hipótese de o operário de encontrar nessa área”, mas, entretanto, essa missão foi suspensa e as equipas iniciaram as operações de mergulho.

À Agência Lusa, a Proteção Civil tinha indicado esta manhã que as operações estão reforçadas com mais mergulhadores dos bombeiros e da GNR e uma equipa cinotécnica também da GNR (uma equipa de cães), depois de as buscas terem sido interrompidas ao final da tarde de sábado.

Segundo a mesma fonte, as operações de socorro mobilizavam, às 9 horas, três dezenas de operacionais, com o apoio de 15 veículos, dos bombeiros de Vila Viçosa e de Alandroal, com um mergulhador, da Força Especial de Proteção Civil, com seis mergulhadores, uma ambulância do Instituto Nacional de Emergência Médica (INEM), além da GNR, com diversas valências e mergulhadores.

A vítima é um trabalhador, de 51 anos, residente no concelho vizinho de Borba, segundo disse à Lusa fonte dos bombeiros. Os trabalhos para resgatar o manobrador do ‘dumper’, que transportava pedras, tinham sido iniciados, durante a tarde de sábado, por mergulhadores da Força Especial de Proteção Civil e bombeiros da corporação de Reguengos de Monsaraz, que procederam a três mergulhos.

Em declarações aos jornalistas no sábado, no local, a 2.ª comandante distrital de operações de socorro de Évora, Maria João Rosado, explicou que os trabalhos na pedreira, desativada e cheia de água, para onde caiu a máquina e o trabalhador, foram interrompidos “por já não existirem condições” de visibilidade para continuar as buscas no sábado.

Até agora, o camião já tinha sido localizado, disse a responsável da Proteção Civil. No entanto, segundo Maria João Rosado, a vítima do acidente de trabalho não estava no interior da cabine da máquina industrial submersa, que é “muito grande e pesada, com cerca de 30 toneladas”.

A máquina estava a fazer uma manobra de descarga de pedra quando caiu para o interior da pedreira, de uma altura de “cerca de 30 metros”. A profundidade da pedreira que está desativada e cheia de água ronda os 20 metros, segundo as autoridades. “É um trabalho que requer alguns cuidados acrescidos. Estamos a falar de um espaço confinado onde a pressão dificulta o trabalho dos mergulhadores”, realçou a mesma responsável, frisando que as operações têm de ser “muito bem” planeadas e executadas “com calma”.

Segundo disse, o trabalho dos operacionais “vai levar tempo” e “requer muita minúcia”. Por enquanto, as autoridades “não estão a equacionar” a hipótese de bombear a água da pedreira de mármore desativada. Maria João Rosado relatou ainda que a viatura ficou “deformada” com a queda no fundo da pedreira, onde há muita rocha.

O comandante dos bombeiros de Vila Viçosa, Nuno Pinheiro, relatou à Lusa que o acidente ocorreu quando se procediam a trabalhos para “entulhar” e fechar a pedreira, localizada junto à estrada entre Vila Viçosa e Bencatel. O alerta, segundo o CDOS de Évora, foi dado às 09h42 de sábado.

Este acidente aconteceu quase um ano depois (a data assinala-se no próximo dia 19) do desastre ocorrido no vizinho concelho de Borba, que provocou cinco mortos, devido ao aluimento de parte de uma estrada municipal que arrastou terra e pedras para o interior de duas pedreiras.

Questionada sábado pelos jornalistas sobre a comparação entre os dois acidentes, a segunda comandante distrital de operações de socorro de Évora disse que se trata de “uma questão com contornos diferentes”, salientando que “todas as situações são sempre uma mais valia em termos de enriquecimento técnico e profissional”.

Fonte do CDOS disse à Lusa que elementos da Autoridade para as Condições no Trabalho (ACT) estivarem no sábado, no local do acidente, e estão a averiguar as circunstâncias em que ocorreu o sinistro.

Atualizado às 17h20